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31/03/2023 - 09h56

Inteligência Emocional: Construindo ambientes menos tóxicos

Desenvolver pessoas passa pela construção de novos comportamentos, diz sócia da TCS Creative

 

 

 

 

Por Silvana Mello*

 

A inteligência emocional não é um assunto novo.  Por volta de 1920 o renomado Edward Thorndike descreveu o conceito de inteligência social como uma habilidade para as pessoas agirem de forma sensata nas relações humanas. Com o passar dos anos, psicólogos humanistas, como A. Maslow, Daniel Goleman e tantos outros desenvolveram estudos no sentido de identificar e desenvolver a força emocional.

 

De acordo com Travis Bradberry & Jean Greaves, em seus estudos recentes, publicado no livro: Inteligência Emocional 2.0, a inteligência emocional é tão importante para o sucesso que responde por 58% do desempenho em todos os tipos de funções profissionais. Contudo, somente 36% das pessoas são capazes de identificar com precisão suas emoções no momento em que elas surgem.

 

O próprio Goleman, escritor de um dos principais livros de Inteligência emocional, acredita que o Quociente Emocional (QE) é mais importante do que o Quociente de Inteligência (QI) para uma pessoa ser bem-sucedida.

 

Como as empresas estão lidando com um tema tão relevante? Quais aspectos ainda merecem atenção?

 

Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, alguns índices são alarmantes. Sabe-se que a depressão é uma das principais causas de morbidade em todo o mundo, são mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades que sofrem deste transtorno, o Brasil está em 7º lugar. São mais de 350 milhões de casos de ansiedade em todas as idades. O Brasil assume o ranking da ansiedade, com 18,6 milhões de pessoas com o transtorno.

 

Em pesquisa realizada pela Mckinsey & Company em 2022 quase 1/3 dos profissionais brasileiros não estão satisfeitos no atual emprego.

 

Sabemos que há elementos concretos em nossa sociedade atual que torna o equilíbrio emocional um verdadeiro desafio para a maioria dos mortais, como o trânsito, a falta de segurança mesmo dentro de casa com os malandros digitais, a falta de previsibilidade do que está por vir, a complexidade em se manter relevante no trabalho com tantos novos profissionais, a pressão diária vinda de todos os lados e por aí vai, ou seja, os desafios são cada vez mais crescentes e complexos.

 

Será que a Inteligência Emocional é um tema que está sendo realmente cuidado nas empresas? Parece que este tema tem algumas facetas:

 

- Por um lado, muitos profissionais não têm a menor consciência sobre a sua identidade emocional, ou seja, como é o impacto destas pessoas no meio ambiente, por algumas razões óbvias, entendem que este tema não é prioridade na empresa em que trabalha ou entende que o assunto é trivial demais para desenvolver.

 

- Por outro lado, as empresas entendem a importância do assunto e implementam programas de treinamento e desenvolvimento para dar conta do recado, porém muitas vezes pecam na prática. Não é difícil ouvir os nossos coachees falarem: “Promoveram a diretor um verdadeiro cavalo”. Isto é decepcionante e incoerente para muitas pessoas que precisam fazer coaching para melhorar seu comportamento. Os famosos feedbacks corporativos são, muitas vezes, superficiais e protocolares.

 

Quando desenvolvemos uma pessoa em Inteligência Emocional estamos lapidando o seu lado humano, a consciência de suas emoções/ de seu impacto, a sua capacidade de reconhecer um erro, perdoar, de competir de forma saudável, ser colaborativo, se colocar no lugar do outro, etc. São comportamentos muitas vezes sutis que precisam ser mais equilibrados.

 

É consenso para os estudiosos da Inteligência Emocional que há um processo básico a ser desenvolvido, em primeiro ampliar a consciência das emoções e de seu impacto no meio, segundo praticar a aceitação e em terceiro lugar começar uma jornada de transformação.

 

Do ponto de vista das empresas, os benefícios em desenvolver a Inteligência Emocional são vários: redução de conflitos, aumento do nível de engajamento dos profissionais, redução dos índices dos transtornos de ansiedade, depressão e burnout entre outros.

 

Para os profissionais os benefícios também são muitos: aumento da autoestima e autoconfiança, maior senso de realização e felicidade, maior significado para vida e trabalho.

 

Agora, como construir ambientes menos tóxicos? Parece haver uma construção a ser feita por indivíduos e organizações. A tal felicidade tão almejada por todos não é feita somente com riqueza material... se fosse assim os milionários seriam felizes. A verdadeira felicidade está baseada em ser, e não em ter. Então, como podemos contribuir para uma pessoa “ser”? Certamente não é somente com benefícios materiais, como promoção, carro, remuneração variável, etc. Mas será que as pessoas realmente buscam o “ser” e abrem mão do “ter”?

 

Desenvolver inteligência emocional passa por desenvolver o lado humano, construir relações duradouras, apostar no autodesenvolvimento para ser uma pessoa/líder melhor, um pai/mãe/filho(a) melhor.

 

Sem dúvida, vale a pena apostar no desenvolvimento emocional, afinal, emoções movem pessoas, pessoas geram resultados. Simples assim!

 

 

* Professional Certified Coach - PCC, especializada em Inteligência Emocional, Silvana Mello é sócia-diretora da  TCS - Talent Crative Solutions, empresa com atuação em:

 

 

Transformação cultural e mudança de comportamento tendo como foco o desenvolvimento de alicerces sustentáveis para o crescimento da organização.

 

Desenvolvimento de líderes e equipes através de programas individuais e/ou grupais utilizando a técnica e princípios éticos de Coaching Executivo do International Coach Federation (ICF).

 

Criação de programas de Diversidade e Inclusão, com o foco em direcionadores estratégicos que promovam a construção de ambientes mais diversos e inclusivos.

 

 

 

Foto: Pixabay