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Publieditorial

26/04/2021 - 15h23

O novo desafio da saúde mental para a gestão de RH

Artigo assinado por Marcelo Nóbrega especialmente para a unico

 

 

Por Marcelo Nóbrega*

 

Não é surpresa, mas preocupa que os casos de ansiedade e depressão tenham aumentado durante a pandemia em todo o mundo. Pesquisa do Instituto Ipsos, terceira maior empresa de pesquisa e de inteligência de mercado do mundo, afirmou que 53% dos brasileiros ouvidos queixaram-se de uma piora na saúde mental em 2020. E o prolongamento desta crise deve manter este número elevado no futuro próximo

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Me arrisco a dizer que as consequências emocionais deste momento desafiador ainda são desconhecidas e nos afetarão, em maior ou menor grau, por um bom tempo. Viveremos situações e consequências que ainda não sabemos antever ou tratar.

 

A culpa não é apenas da Covid-19. Há algum tempo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que a depressão é a doença do século. Existem evidências desanimadoras de que a maneira como trabalhamos e nos relacionamos com o trabalho contribuam para o desequilíbrio da saúde psicológica.

 

Números da Organização Internacional do Trabalho (OIT) trazem que 50% a 60% dos afastamentos do trabalho resultam de problemas de estresse. No livro Dying for a Paycheck, do teórico e professor de comportamento organizacional Jeffrey Pfeffer, considerado um dos mais influentes pensadores da atualidade, revela uma pesquisa em que 61% dos respondentes afirmaram ter ficado doente como resultado do estresse no trabalho. Destes, 7% chegaram a ser hospitalizados.

 

Nos Estados Unidos, por exemplo, o estresse ocupacional custa mais de US$300 bilhões ao ano resultando em 120 mil mortes. Na Europa, quatro em cada 10 trabalhadores acredita que o estresse não é devidamente abordado no seu local de trabalho, segundo pesquisa divulgada pela agência governamental norte-americana OSHA (Administração de Segurança e Saúde Ocupacional).

 

E no Brasil não é diferente

 

Segundo a OMS, somos o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo – com incidência de 3% a 11% da população. Ficamos atrás apenas do Japão quando o indicador é o estresse. Somados, depressão e ansiedade ocuparam o primeiro lugar em 2020 entre as razões de afastamento do trabalho pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Outro dado interessante é que os afastamentos ou ausências relacionadas ao estresse tendem a ser mais prolongadas do que as de outras causas.

 

Segundo instituições brasileiras, a saúde mental é a maior preocupação entre 1000 diretores de recursos humanos ouvidos por uma publicação especializada. E deveria mesmo ser. Primeiro pelos custos do tratamento, ausências, turnover e perda de produtividade para as empresas. De acordo com os especialistas, as empresas parecem ser as maiores causadoras deste “novo mal”.

 

Eu penso que saúde mental é estar bem com os outros e consigo mesmo. Esta é a base de tudo. Precisamos estar bem, nos sentir parte e integrados às nossas aspirações, a nós mesmos. Com os outros, vemos nossas relações familiares, com amigos e no trabalho, onde passamos tanto tempo e desenvolvemos boa parte dos nossos relacionamentos interpessoais.

 

E se, este ambiente, for ríspido? Como devemos nos comportar diante de situações como demissões coletivas, reestruturações, baixa autonomia profissional, longas horas de trabalho, cobrança e rivalidade, insegurança econômica, comportamentos tóxicos, comunicação violenta, conflitos, desconexão com propósito pessoal, exigências contraditórias, comunicação deficiente e mudanças mal geridas que não melhoram o desempenho organizacional e são estimuladas pelas práticas modernas de gestão?

 

Com certeza, o acúmulo destas situações leva a consequências causadas por uma deterioração contínua da saúde mental. É dessa maneira que vemos pessoas ficarem acometidas por doenças físicas, por exemplo. É um ciclo tóxico que deve ser cortado dos ambientes de trabalho.

 

Depois de tudo, não restam dúvidas de que, de agora em diante, bem-estar e saúde devem estar presentes na agenda das empresas. E cabe ao departamento de RH ser um aliado e abraçar esta causa!

 

*Do mercado financeiro à gestão de pessoas, Marcelo Nóbrega é um executivo inquieto que gosta de fazer a diferença, tanto para o negócio, quanto para as pessoas. Liderou a área de RH de grandes multinacionais. É autor do livro "Você está contratado!", professor universitário, palestrante, coach, mentor, conselheiro e investidor anjo de HR Techs, âncora do programa Transformação Digital e cohost do Kenobycast e escreve para os blogs da Gestão RH e HSM Management. Entre outros reconhecimentos pela sua atuação, em 2018 foi eleito o RH mais influente da América Latina e Top Voice do LinkedIn.

 

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Foto de abertura: Alessandro Couto