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Publieditorial

06/04/2021 - 15h40

Novas tecnologias apontam caminhos para gestão da saúde nas empresas

As pessoas trabalham mais, descansam menos, dormem mal e estão esgotadas, diz Jairo Bouer em artigo

 

 

Por Jairo Bouer*

 

Com tudo que temos vivido nos últimos meses, o que é estar bem, saudável e feliz? Que elementos precisamos buscar em nosso cotidiano para atravessar melhor uma fase tão complexa e cheia de desafios? E como programar um futuro mais longevo, com maior autonomia e independência nesse cenário?

 

Quando se pensa hoje em qualidade de vida, bem-estar e saúde, a ideia é que esse é um conceito integral, holístico, que depende de diversas dimensões da nossa existência. Assim, saúde física, mental e financeira são pilares que devem estar presentes e integrados.

 

Mesmo antes da pandemia, as pessoas já vinham experimentando dificuldade para conciliar cuidados com saúde, a longa jornada no trabalho e os diversos compromissos do dia-a-dia. Não à toa boa parte da população brasileira é sedentária, alimenta-se mal, enfrenta problemas de sobrepeso e obesidade, visita pouco os serviços de saúde, além de estar exposta a altos níveis de estresse e de ansiedade. No campo da saúde financeira, muita gente enfrenta dificuldades para gerir gastos e despesas, gerando endividamentos que podem comprometer sua estabilidade emocional e até seu desempenho profissional.

 

Com a crise da Covid-19, a situação se agravou ainda mais. Boa parte dos brasileiros passou a ter que conciliar o tempo de trabalho com as tarefas domésticas e os cuidados com a família, tudo em um mesmo espaço físico. A equação ficou difícil de ser resolvida, criando uma rotina de atividades que, muitas vezes, se inicia ainda na cama, nas mensagens de Whatsapp e se encerra madrugada adentro com e-mails e listas intermináveis de tarefa para o dia seguinte. A impressão que se tem é que a gente está sempre devendo, eternamente atrasado com demandas e compromissos. E isso gera insatisfação e estresse.

 

As pessoas trabalham mais, descansam menos, dormem mal e estão esgotadas. Nesse ciclo pouco virtuoso, a situação acaba comprometendo os cuidados com o corpo, as emoções, os relacionamentos e o rendimento no trabalho. A vida não anda fácil para ninguém. A grave crise sanitária no país também impacta negativamente a saúde mental e financeira de muitas famílias. Algumas pesquisas recentes revelam que o Brasil, que já estava nas primeiras posições entre os países com mais transtornos de depressão e de ansiedade, ocupa nesse momento histórico um dos primeiros postos.

 

Nesse sentido, instrumentos que facilitem uma avaliação mais acurada do que acontece com cada um de nós, que possam propor e sugerir medidas que garantam maior bem-estar e saúde e, além disso, que possam diagnosticar quem está em maior risco e oferecer caminhos para que se busque ajuda são muito bem-vindos.

 

Com desenvolvimento tecnológico, interatividade, questionários bem estruturados, inteligência artificial, algoritmos bem balanceados e excelência na curadoria de conteúdo em saúde, algumas plataformas digitais tem entregado essa solução de forma mais confiável, efetiva e imediata.

 

Se o acesso a essas plataformas acontecer de forma sistêmica e integrada dentro das empresas e corporações, passando por áreas como RH e departamento médico, o retorno pode fazer toda a diferença para a gestão da saúde integral dos colaboradores e ter um papel na melhora do desempenho e da redução do absenteísmo e da rotatividade. O ambiente corporativo também pode melhorar na medida que o colaborador percebe um cuidado maior por parte da empresa com sua qualidade de vida, dentro e fora do escritório ou da linha de produção.

 

Se além de fazer um raio-x mais preciso do estado de saúde física, mental e financeira dos colaboradores, apontando caminhos e soluções, as plataformas puderem oferecer um planejamento para o futuro dos indivíduos, inseridas em um ecossistema com soluções ao alcance dos dedos, elas oferecem um retorno ainda mais significativo.

 

Se pensarmos em nossa saúde da mesma maneira que olhamos para a gestão de nossas finanças, e entendermos que o resultado que vamos ter lá na frente é uma soma dos investimentos em diagnósticos, cuidados e prevenção, subtraídos de eventuais percalços genéticos, hábitos nocivos e riscos acumulados, podemos perceber o quanto é importante identificar problemas precocemente e sensibilizar as pessoas para que busquem mudanças efetivas e permanentes no seu estilo de vida, e para que recorram a ajuda especializada quando for necessário. Afinal, não é a saúde o bem mais valioso que temos?

 

* Jairo Bouer é médico psiquiatra pela Universidade de São Paulo (USP), biólogo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mestre em antropologia evolutiva pela University College London (UCL). Comunicador e colaborador dos principais veículos de mídia do país

 

Foto de abertura: Divulgação