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Publieditorial

15/12/2020 - 15h59

Publieditorial - Vão-se as canetas, fica a segurança

O fim das assinaturas manuscritas é tema deste artigo de Marcelo Nóbrega

 

 

Por Marcelo Nóbrega*

 

Está próximo o dia em que não escreveremos mais, pelo menos não de próprio punho e com a ajuda de lápis ou caneta. Para nossos netos, esses itens serão peças de museu. Porque, se ainda resistirem aos anos, devem estar restritos às mãos de pintores, desenhistas e cartunistas old school.

 

Nossa comunicação se dará por meio de voz, toque e visão intra-máquinas. Conhece o Teste de Turing e o cleverbot que convenceu mais de metade dos juízes de que era humano? Busque no Google “Eugene Goostman” e confira.

 

Esse meu devaneio futurístico foi fruto de uma série de reflexões sobre a necessidade de ainda nos submetermos a rotinas tão anacrônicas, como assinar documentos, contratos, cheques (“o que é isso mesmo?”, talvez você se pergunte, se tiver menos de 20 anos). A maioria das empresas com que trabalho se adaptou bem à nova realidade e passou a adotar mecanismos inteligentes, como a assinatura digital. Mas, incrivelmente, ainda me deparo com organizações que não abrem mão da impressão de contratos que, depois de devidamente assinados, devem ser despachados pelos correios. Em tempos pandêmicos? Por favor!

 

Assinatura é uma marca pessoal escrita que confere validade ou identifica o autor de um documento. Imagino que o hábito da assinatura tenha nascido com artistas, pintores e escritores, que referendavam suas obras e conferiam autenticidade a elas. Hoje, culinária é também reconhecida como arte, pois falamos do signature dish dos chefes de renome.

 

Alguns famosos tiveram assinaturas lindas: Ayrton Senna, Walt Disney, Picasso e Mozart, só para citar algumas. O hábito de se colecionar autógrafos data do início do século 19. Alexandre Dumas, autor de Os Três Mosqueteiros e O Conde de Monte Cristo, tinha esse hobby. Essas coleções preservaram capítulos da história e permitiram que guardássemos algo representativo de um ente querido ou admirado. 

 

Uma provocação: procure na internet imagens das assinaturas do ator e diretor Mel Gibson e do escritor Kurt Vonnegut. São ou não são um desafio aos adeptos da grafologia? Tenho um amigo que, antes de assinar, vira qualquer documento de ponta cabeça a fim de evitar falsificações. Como fica, em casos assim, a convicção dos grafólogos de que assinaturas ascendentes demonstram personalidade forte?

 

E, desse mundo artístico, imagino que a assinatura tenha evoluído para as relações mercantilistas devido à necessidade de se estabelecer partidas e contrapartidas de transações comerciais.

 

Lembram do mundo pré-pandemia em que o jovem aprendiz passava a manhã inteira percorrendo a empresa com calhamaços de papel, coletando assinaturas de dois representantes legais da empresa e mais duas testemunhas (de quê?!), e tudo em quatro vias? O turno da tarde era passado em algum cartório para reconhecimento de firma. Depois disso, o documento seguia para a empresa contratada e… o ciclo se repetia! O show da burocracia! Particularmente, tremo só de lembrar de quando precisava fazer reconhecimento por autenticidade.

 

Nossas assinaturas manuscritas estão sendo substituídas por selfies, tokens e certificações digitais. Que bom!

 

Assinaturas eletrônicas e digitais (sim, são coisas diferentes) já são utilizadas para contratos de aluguel, notas fiscais, transações contábeis, receitas médicas, acordos comerciais, cheques, documentos periódicos nas empresas, etc. Isso confere agilidade principalmente aos departamentos de Compras, Jurídico e de Pessoal, permitindo-lhes focar no que realmente importa e agrega valor ao negócio. Usar mais o cérebro do que os braços ou as mãos. Centrar no que importa, no conteúdo e nas intenções dos documentos.

 

A segurança da tecnologia garante a autenticidade das assinaturas eletrônicas e digitais com confiabilidade muito superior ao que era no tempo do “feito de próprio punho”. Assegura ainda a guarda e a integridade dos documentos garantindo que não haja fraudes ou alterações. E os tribunais e órgãos públicos lhe conferem validade jurídica. Acorda! Documentos eletrônicos são permitidos há duas décadas, desde a criação da MP 2200-2 em 2001. Bora mudar!

 

Mas sabe o que é mais incrível nessa jornada?

 

A tecnologia sendo utilizada para o progresso das relações humanas. Desburocratizando e criando mais confiança. E tudo devidamente regulado e legal.

 

*Do mercado financeiro à gestão de pessoas, Marcelo Nóbrega é um executivo inquieto que gosta de fazer a diferença, tanto para o negócio, quanto para as pessoas. Liderou a área de RH de grandes multinacionais. É autor do livro Você está contratado!, professor universitário, palestrante, coach, mentor, conselheiro e investidor anjo de HR Techs, âncora do programa Transformação Digital e cohost do Kenobycast e escreve para os blogs da Gestão RH e HSM Management. Entre outros reconhecimentos pela sua atuação, em 2018 foi eleito o RH mais influente da América Latina e Top Voice do LinkedIn.

 

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Foto de abertura: Alessandro Couto