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Mercado de Trabalho

08/07/2020 - 17h57

Estudo aponta vendas como setor mais afetado pela Covid-19

A área teve quatro vezes mais demissões do que admissões

 

 

 

Após a chegada da Covid-19, inúmeras empresas tiveram que lidar com problemas como a queda de suas receitas, congelamento de novos negócios e até fechamento de unidades. Segundo dados recentes do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), cerca de 600 mil micro e pequenas empresas brasileiras fecharam as portas. Além disso, o número de desempregados não para de crescer no País, já são mais de 10 milhões de pessoas, de acordo com levantamento realizado do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

 

Para entender o cenário do ponto de vista da gestão de pessoas, a Convenia, empresa com soluções voltadas para automatização do departamento pessoal, realizou uma pesquisa com mais de 3 mil pequenas e médias empresas de todas as regiões do país. Também entram na amostragem aproximadamente 44.883 colaboradores nos mais variados segmentos.

 

Os dados mostram que, logo após a recomendação imediata de isolamento social, 14,2% dos colaboradores em setores que não se adaptavam à rotina de home office, como lojas e indústrias, contaram com férias não programadas. O período variou de 6 a 31 dias – sendo que 60,2% optaram por um período de 15 dias e 20,9% por até 10 dias.

 

Além disso, a redução de salário compôs 94,4% dos chamados "eventos negativos", que também incluem as suspensões contratuais, o que mostra que empregadores preferiram reduzir a remuneração em vez de deixar seus colaboradores sem renda neste período.

 

Entre os cargos mais impactados estão os intermediários, considerando que a faixa salarial média que mais sofreu redução foi R﹩ 3.450,03. A redução que aconteceu no mês de abril se tornou possível após sanção da MP 936 pelo Governo Federal, em que o empregador pode oficialmente reduzir jornada de trabalho e também o salário.

Os desligamentos superaram o número de novas contratações e observou-se uma tendência de demitir funcionários recém-contratados, o que aponta para uma busca por custos trabalhistas reduzidas. Cerca de um quinto de todos os colaboradores desligados em 2020 haviam sido contratados ainda neste ano.

 

A pesquisa ainda identificou que, em sua maioria, aumentos de salários só foram possíveis graças à obrigatoriedade anual do dissídio (negociação de benefícios entre empregado e empregador de cada categoria). Foram 57,7% dos aumentos impulsionados pelos dissídios, outros 27% por promoções e 15,2% por mérito ou bônus.

 

Já entre as áreas que foram mais impactadas estão a de Vendas e Operações, que apresentaram diminuição brusca da força de trabalho. Foram quatro vezes mais demissões do que admissões no período, uma diferença de 217,92% entre as duas pontas.

 

Em contraponto, outras áreas tiveram menos impacto, como a de Gerência e Engenharia, por exemplo. A diferença entre demissão e admissão para esses setores alcançou 131% e 91,89%, respectivamente.

 

Para Marcelo Furtado, CEO da Convenia, ainda é cedo para prever como serão os próximos meses, mas maio já apresenta um cenário de queda de demissões e a volta tímida dos aumentos salariais. "É notável que a situação está se estabilizando e as organizações estão se adaptando ao novo cenário imposto. Porém é preciso pensar na recuperação dos cortes feitos e realinhar estratégias tanto de gestão como de crescimento", pontua o empreendedor.”

 

Foto de abertura: Lukasbieri/Pixabay