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12/04/2021 - 16h35

Pesquisa da ADP avalia o engajamento e a resiliência dos trabalhadores durante a pandemia

Segundo o estudo, 18% dos trabalhadores brasileiros estão totalmente engajados e 16%, totalmente resilientes

 

 

Pesquisa realizada pela ADP Research Institute, no fim de 2020, em 25 países, incluindo o Brasil, mostrou como a Covid-19 influenciou o envolvimento dos funcionários e sua resiliência no local de trabalho. No estudo, o engajamento é definido como uma atitude positiva e dedicada em relação ao trabalho e ao empregador. Já a resiliência é definida como a capacidade de resistir a condições desafiadoras no local e durante o trabalho. Foram entrevistados cerca de 27 mil colaboradores.

 

Globalmente, o envolvimento continua baixo. “Em comparação com outro estudo, que realizamos em 2018, a porcentagem de funcionários totalmente envolvidos diminuiu um ponto percentual. Hoje, 14% dos trabalhadores estão totalmente engajados. Arábia Saudita (21%), Índia (20%) e África do Sul (19%) lideram a pesquisa, já Coreia do Sul, Taiwan e China são os países com menor taxa de engajamento, com 6%, 8% e 8%, respectivamente. No Brasil, houve um ganho de 4% no engajamento dos trabalhadores, que subiu de 14% em 2018, para 18% em 2020”, pontua Mariane Guerra, vice-presidente de RH da ADP na América Latina.

 

No caso da resiliência, o índice também é baixo. Apenas 15% dos colaboradores em todo o mundo são altamente resilientes. Os países com maior porcentagem de funcionários altamente resilientes são: Índia (32%), Arábia Saudita (26%) e Emirados Árabes Unidos (24%), já os com a menor taxa são Taiwan, Suécia e Coreia do Sul, com 8% cada. No Brasil, a taxa de trabalhadores altamente resilientes, chegou à casa dos 16%, um a mais que a média global.

 

RESILIÊNCIA E COVID-19

Para fim do estudo, os países foram divididos em três grupos: Alto impacto (Brasil, França, Itália, Espanha, Suécia, Inglaterra e Estados Unidos), Impacto moderado (Argentina, Canadá, Índia, Israel, México, Holanda, Rússia, Arábia Saudita e África do sul) e Baixo impacto (Austrália, China, Egito, Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan e Emirados Árabes Unidos), com base em vários critérios relacionados à Covid-19, nomeadamente casos médios por milhão, mortes médias por milhão e taxa de desemprego.

O fato de um país ter experimentado alto ou baixo impacto não teve efeito estatisticamente significativo no engajamento ou resiliência no local de trabalho. A diferença entre eles foi de, no máximo, três pontos percentuais.

 

EXPERIÊNCIA PESSOAL

Enquanto os efeitos de nível macro em países não afetaram a resiliência e o engajamento, os efeitos de nível micro sim, porém na direção oposta do que se era esperado.

 

As pessoas que tiveram uma experiência pessoal com a Covid-19 demonstraram níveis muito mais elevados de resiliência. Esse nível variou bastante por país e tipo de trabalho: 61% dos egípcios e 51% dos brasileiros têm sido afetados pessoalmente, enquanto apenas 6% dos japoneses e 5% dos taiwaneses sentiram o efeito.

 

As mudanças no local de trabalho devido à pandemia acabaram produzindo muitos efeitos secundários na economia e nas empresas. Entre as mudanças apontadas pelo estudo, é possivel citar: maior uso de tecnologia, mais horas de trabalho, migração para o trabalho virtual, demissões (diminuição de salário ou de jornada), incentivo a tirar férias antecipadas, promoções colocadas em espera, entre outras. Segundo Mariane, a experiência de mudança também influenciou nas expectativas das pessoas em relação ao futuro do trabalho. Quanto mais mudanças os trabalhadores experimentaram, maior a probabilidade de preverem que elas se tornariam permanentes. No geral, 97% dos trabalhadores experimentaram uma ou mais dessas mudanças. Nenhum país ficou abaixo dos 90% de seus trabalhadores passando por mudanças como resultado do Covid-19.

 

NOVAS DIMENSÕES

O estudo do Engajamento assume novas dimensões e importância devido à pandemia. Foram quatro objetivos principais. Determinar o nível global de engajamento e de resiliência no local de trabalho, compreender os impulsionadores do envolvimento e resiliência no trabalho, além de capturar como as empresas mudaram em todo mundo e como, provavelmente, essas alterações permanecerão em suas vidas.

Os níveis de engajamento e resiliência dos trabalhadores no local de trabalho permaneceram baixos, em relação ao levantamento anterior. Esses fenômenos são altamente relacionados, mas independentes. O mais surpreendente é que, a resiliência no local de trabalho aumenta com a experiência direta em relação ao Covid-19.

 

Essa descoberta tem implicações profundas para os gestores das empresas. As pessoas precisam de fatos, não de ilusões. A experiência da realidade e a gravidade do problema ajudam a construir a resiliência no local de trabalho, fazendo com que as pessoas enfrentem seus medos e utilizem toda a sua capacidade de superação.

 

Foto de abertura: Thirdman/Pexels