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30/07/2020 - 22h18

Pesquisa da Deloitte aponta as principais tendências de Capital Humano no Brasil 2020

Promover sentimento de pertencimento é a única tendência no top 3 Brasil, América Latina e global

 

 

Inteligência artificial (IA) e robótica eram termos que costumavam aparecer em primeiro plano quando o assunto era Indústria 4.0 e o futuro do trabalho. A nova realidade, ocasionada pela Covid-19, criou a urgência da reinvenção desse cenário e, embora as organizações tenham dobrado os investimentos em tecnologia na última década, muitas têm investido significativamente pouco em como os humanos podem se adaptar e adotar novas maneiras de trabalhar. No relatório Tendências Globais de Capital Humano 2020 – A empresa social em ação: o paradoxo como um caminho a seguir, a Deloitte analisa a interseção entre humanos e tecnologia e define os principais atributos que precisam ser incorporados às organizações para criar e sustentar essa integração.



Na 10º edição anual, foram ouvidos cerca de 9 mil respondentes em 119 países. No Brasil, o estudo contou com 296 participantes de diversos setores e o país ocupou o 8º lugar no ranking global e 2º da América Latina.



"Desde 2010, o levantamento acompanha o pensamento e ações das organizações líderes, representando a opinião de algumas das maiores e mais influentes empresas globais. Com o início da Covid-19, essas organizações tiveram que tomar ações imediatas em reação à pandemia, como a mudança para o trabalho remoto e virtual e a implementação de novas formas de trabalhar e redirecionar a força de trabalho em atividades críticas. É o momento em que se deve pensar em como sustentar essas ações, incorporando-as às culturas organizacionais e ao DNA das empresas.", declara Roberta Yoshida, da Deloitte Brasil.



No levantamento nacional, as principais tendências apontadas foram:

- Ética e futuro do trabalho (95%)

- Promover um sentimento de pertencimento aos funcionários (93%)

- Forças de trabalho multigeracionais (91%).

 

Diferentemente, na ordem global destacaram-se:

- Bem-estar do trabalhador e sua importância para os negócios (80%)

- Promover um sentimento de pertencimento aos funcionários (79%) e

- Criar e preservar o conhecimento da forças de trabalho (75%).

 

BEM-ESTAR DOS FUNCIONÁRIOS
Embora historicamente as organizações sejam responsáveis apenas pela segurança dos trabalhadores, quase todos os entrevistados – 96%, tanto no ranking global como no ranking Brasil – dizem que o bem-estar é uma responsabilidade organizacional. Embora 91% dos entrevistados brasileiros o identifiquem como uma prioridade importante ou muito importante para o sucesso de sua organização, 64% não estão medindo o impacto do bem-estar no desempenho organizacional. As empresas brasileiras enxergam que, em ordem de relevância, quem deve exercer esse papel é: RH, líderes de departamento, C-Suite, gerentes da linha de frente e trabalhadores individuais.

 

CONVERGÊNCIA DE SERES HUMANOS E TECNOLOGIA
O redesenho de tarefas para integrar a tecnologia de IA ficou em 10º lugar, assim como no recorte total da América Latina e global, com 87%. Somente 14% dos entrevistados estão realizando investimentos significativos em novas habilidades para apoiar sua estratégia de IA, com apenas 9% utilizando-a primeiramente para substituir trabalhadores. "Esses números afirmam ainda mais a valorização da especialização e proximidade dos funcionários às organizações.", aponta Roberta.
 

Para encontrar o potencial por meio da convergência de seres humanos e tecnologia é preciso avaliar como a organização está obtendo acesso aos recursos destinados a isso. Destacam-se recursos como: Trabalhos que exigem habilidades limitadas para executar operações baseadas em tarefas – via terceirização, no Brasil (50%) e contratação, para as empresas globais (38%); e Empregos que exigem novas capacidades técnicas profundas – via requalificação, no Brasil (50%) e, para o global, via contratação (55%). Com a rápida integração da IA, os trabalhadores enfrentam novas realidades de como poder trabalhar em conjunto com a tecnologia para trazer o melhor um para o outro.

 

PREOCUPAÇÕES ÉTICAS RELACIONADAS À TECNOLOGIA E A FORÇA DE TRABALHO ALTERNATIVA
Os líderes devem iniciar e liderar o diálogo sobre preocupações éticas relacionadas à tecnologia e a força de trabalho alternativa. A grande maioria (97%) dos participantes no Brasil acredita que existem preocupações éticas relacionadas ao futuro do trabalho, incluindo a manutenção da privacidade, o controle dos dados dos trabalhadores e o tratamento de trabalhadores com contratações alternativas. Cerca de 23% dos entrevistados dizem que suas organizações possuem políticas e líderes claros para gerenciar a ética no contexto do futuro do trabalho, embora 77% não estejam considerando isso, começando a desenvolver sua abordagem ou lidando com ela de forma objetiva.
 

As organizações podem estar deixando de reconhecer a importância de trabalhadores com diferentes modalidades de contratação, mesmo quando esse segmento da força de trabalho cresce rapidamente. Das cinco megatendências para 2030, essa é a menos importante tanto para o Brasil como para o global. A capacidade de explorar efetivamente a força de trabalho alternativa pode ajudar as organizações a acessar recursos escassos nas mudanças rápidas nos mercados de trabalho.

O relatório deste ano revelou que os entrevistados acreditam que algumas brechas geracionais se tornarão menos pronunciadas nos próximos três anos (visões sobre flexibilidade no trabalho/vida, expectativas de lealdade/segurança no trabalho e expectativas de progresso), enquanto outras se tornarão mais pronunciadas (grau de conhecimento de tecnologia, agilidade para mudar de papéis e expectativas de impacto social).

 

Foto de abertura: Lukas/Pexels