Notícia

Indicadores

22/06/2020 - 15h41

40% dos profissionais se sentem mais ansiosos ou depressivos no distanciamento social

Executivo da Workana, plataforma de trabalho freelance, aponta como o líder pode contribuir

 

Um dos desafios trazidos pela pandemia da Covid-19 está ligado à saúde mental de cerca de um terço da população do planeta que, repentinamente, foi colocada em isolamento social, muitas trabalhando a distância pela primeira vez. Um levantamento feito pela Workana, plataforma que conecta freelancers a empresas da América Latina, mostrou que 40% dos profissionais entrevistados estão se sentindo mais ansiosos ou depressivos por causa do distanciamento social.

 

Antes do novo coronavírus, o Brasil já liderava a lista mundial de países com mais pessoas ansiosas: segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), eram quase 19 milhões de brasileiros convivendo com o transtorno. Outra liderança que nos pertence é a do número de casos de depressão em toda a América Latina, passando a marca de 12 milhões de pessoas com a doença.

 

Durante a quarentena, há grandes chances de a pandemia aumentar ainda mais esses índices, e provocar uma epidemia de patologias causadas por estresse, de acordo com o Fórum Econômico Mundial. Mas como não desenvolver transtornos psicológicos?

 

"É preciso entender que o rendimento poderá ser afetado, e que isso não necessariamente é um problema. Há necessidade de readaptação quando saímos da nossa zona de conforto. Reconhecer isso e ter empatia com o próximo é fundamental, até porque, daqui pra frente, viveremos em constante adaptação", afirma Daniel Schwebel, country manager da Workana no Brasil.

 

Recentemente, um levantamento da Cushman e Wakefield, que ouviu executivos de multinacionais, apontou que 73,8% das empresas brasileiras pretendem instituir o home office definitivamente. Por isso, compreender as diferentes realidades e criar processos mais flexíveis é o segundo ponto importante listado pela Workana, que acredita que deve haver equilíbrio entre o trabalho, afazeres domésticos, convivência com a família, e descanso.

 

De acordo com Schwebel, o líder deve ser consciente, respeitar os limites e a privacidade do time e compreender que, mesmo que ele eventualmente precise trabalhar até mais tarde, isso não deve ser incentivado dentro da equipe.

 

"Não podemos deixar que o limite entre vida pessoal e profissional desapareça. É importante que horários sejam estabelecidos e respeitados, salvo situações de extrema urgência. Profissionais com filhos, por exemplo, têm ainda mais desafios na hora de conciliar as demandas do trabalho, e isso precisa ser compreendido pelo líder, que deve, ainda, criar um ambiente seguro e de confiança para que seu time compartilhe as dificuldades do dia a dia e que todos cheguem na melhor solução possível juntos.”

 

O terceiro ponto, que, na correria do dia a dia fica esquecido, é o diálogo. Uma alternativa para os líderes é fazer chamadas de vídeo, ligações, enviar mensagens e e-mails para que os funcionários continuem se sentindo parte de uma equipe. Pessoas que não sabem o que se passa no restante da empresa, ou até mesmo dentro de seu próprio núcleo, podem ter uma grande insegurança. Compartilhar as decisões da diretoria, as demandas diárias e situações cotidianas faz parte de uma rotina saudável e requer a adaptação de hábitos.

 

"Em uma tarde no escritório, por exemplo, os funcionários da empresa irão perceber se os líderes estão aflitos com algo ou se há comemoração de resultados. Isso também deve ser compartilhado de maneira remota, trazendo contexto para a equipe para que todos se sintam parte da empresa e a par das novidades", diz Schwebel.

 

Para empresas que nasceram com a cultura de trabalho remoto, como a Workana, esse ponto pode parecer muito simples, mas para a maioria, que se encontra em uma grande mudança de modelo de trabalho, é algo essencial para manter a confiança dos funcionários na empresa.

 

E o último ponto, mas não menos importante, é sobre o incentivo a adotar hábitos saudáveis. Ter boas horas de sono, uma alimentação de qualidade, e praticar exercícios físicos pode ajudar a minimizar o impacto do estresse e manter a ansiedade e a depressão longe. Os cuidados com a saúde da equipe, seja física ou mental, devem ser priorizados. Para isso, o líder deve manter contato constante com a equipe e reportar os principais pontos ao RH para que, juntos, encontrem as melhores ferramentas para fornecer todo o apoio necessário para os trabalhadores.

 

Foto de abertura: Andrea Piacquadio/Pexels