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Gestão de Pessoas

30/10/2020 - 19h00

58% dos gestores de linha de frente não se sentem valorizados pela empresa em que trabalham

Pesquisa do Workplace mostra os impactos da pandemia na atuação de gerentes corporativos

 

 

O relatório global Vozes presentes, mesmo a distância 2020, encomendado pelo Workplace, ferramenta de comunicação e colaboração para empresas do Facebook, à Coleman Parkes, traz informações sobre como os gestores de linha de frente no Brasil se sentiram no início da pandemia, em fevereiro, e oito meses depois em relação aos seus líderes na sede das empresas. Comunicação, autonomia para tomada de decisões, produtividade e reconhecimento profissional foram aspectos contemplados e ajudam a compreender como a desconexão entre colegas vem se manifestando no local de trabalho e a importância de abordar esse assunto na crise causada pela pandemia.

 

Realizado em oito países, inclusive o Brasil, o levantamento ouviu 4,5 mil gerentes de linha de frente e 4,5 mil gestores que atuam nos escritórios centrais ou sede das empresas. A pesquisa foi realizada em duas partes: a primeira em fevereiro de 2020 e novamente em agosto de 2020, para entender melhor a realidade para as organizações antes e oito meses depois do início da pandemia.

 

No Brasil, foram entrevistados 800 gestores. Aqui, dentre as principais descobertas, o levantamento aponta uma lacuna na comunicação entre líderes durante o trabalho remoto: 52% dos gestores de linha de frente afirmaram ter perdido acesso a informações importantes da sede, em um momento em que o compartilhamento delas, inclusive sobre questões como segurança, é fundamental.

 

Esse dado conflita com o fato de que 85% dos líderes da sede sentem-se confiantes de que mantêm os gerentes de linha de frente bem informados em tempo hábil após a quarentena. Essa questão pode ser explicada, em parte, pelo fato de 65% dos gerentes de linha de frente afirmarem que não possuem ferramentas de comunicação adequadas.

 

Com a falta de comunicação, a produtividade está sendo afetada. Hoje, os gerentes de linha de frente acreditam que estão perdendo uma média de 366 horas por ano¹ devido à falta de comunicação com a sede - o equivalente a quase nove semanas de trabalho todos os anos.

 

Apesar de serem os mais próximos de seus clientes e do dia a dia dos negócios, , somente 48% dos gerentes de linha de frente afirmaram, em agosto, que se sentiram com autonomia para tomar decisões que impactam as metas de negócios Em fevereiro, eram 67%. Por outro lado, a porcentagem de líderes que atuam no escritório central que afirmaram ter poder para tomar decisões aumentou de 78% para 86%.

 

Como resultado, 58% dos gestores de linha de frente não se sentem valorizados pela empresa onde trabalham.

 

Para Julien Codorniou, vice-presidente do Facebook Workplace, a pandemia deixou claro que os gestores na linha de frente estão no centro de cada organização, compartilhando informações essenciais com a sede e fornecendo insights do cliente para o negócio. “Porém, essa pesquisa nos mostrou que eles estão batalhando para ser ouvidos. Para isso, o segredo é priorizar uma comunicação inclusiva, produtiva e aberta a novas ideias, fazendo com que se sintam conectados, envolvidos e com autonomia”, diz.

 

OUTROS INDICADORES

A pesquisa também registrou que a desconexão entre gerentes de linha de frente e os líderes nas sedes das empresas diminuiu, mas não o suficiente. Entre os gestores de linha de frente, a desconexão baixou de 74% para 24% durante a pandemia, e 56% deles acham que esses líderes compreendem melhor seus desafios profissionais desde que começaram a trabalhar remotamente. Entretanto, os líderes na sede não têm a mesma percepção: apenas 32% acreditam que entendem melhor seus colegas da linha de frente depois do início do trabalho remoto.

 

Essa desconexão continua atenuando uma diferença de quanto os dois grupos são reconhecidos dentro da empresa. Enquanto 56% dos líderes da sede acham que suas contribuições são reconhecidas por seus colegas fora da sede, apenas 44% dos gerentes de linha de frente têm essa mesma percepção, após o início da pandemia.

 

Comunicar-se regularmente nunca foi tão importante, mas os líderes da sede reconhecem que há uma lacuna na comunicação atual, agravada pela inconsistência das ferramentas de comunicação entre os dois grupos.

 

Para ajudar a resolver isso, os que estão na linha de frente (52%) e os que estão na sede (64%) concordam com a necessidade de se comunicar com mais frequência e de contar com ferramentas de comunicação interorganizacionais para fazer isso (59% e 62%, respectivamente).

 

Apesar disso, a utilização de ferramentas diferentes pelos dois grupos tornam isso difícil. Na linha de frente, mensagens de texto e chamadas em dispositivos pessoais (58%) foram os métodos mais utilizados de comunicação interna durante a crise. Já os gestores na sede confiam mais no e-mail corporativo (94%), em comparação com apenas 27% dos que estão na linha de frente.

 

Essencialmente, mais da metade (64%) dos líderes da sede reconhece que a pandemia chamou a atenção sobre como a abordagem de comunicação tem sido unilateral, desconsiderando o fato de que muitos gerentes fora da sede podem ter mais dificuldade de conexão ou estrutura para trabalhar.

 

 

¹Com base na semana de trabalho média do funcionário em tempo integral no Brasil de 42,5 horas (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, 2018)