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Gestão de Pessoas

28/08/2020 - 11h27

É preciso desconstruir pensamento sobre comando e controle, diz executiva de RH

Milena Bizzarri, da Mazars, diz que esse é o primeiro passo para readequar avaliações de desempenho online

 

A forma de trabalhar mudou para muitos profissionais. A pesquisa Os impactos da Covid-19 no mundo dos negócios, realizada pela Mazars, auditoria e consultoria empresarial, revela que, no Brasil, 86,07% das companhias mobilizaram suas equipes ou parte delas para o home office. Outro ponto relevante foi em relação à percepção dos dirigentes sobre a capacitação dos gestores de suas organizações para esse modelo de trabalho: 68,35% sentem que os gestores precisam aperfeiçoar o acompanhamento das tarefas remotamente. Diante desse cenário, uma dúvida que impacta muitas companhias é: como fazer a avaliação de desempenho de forma online?

 

"Antes de tudo, é importante desconstruir na cabeça dos gestores que eles precisam supervisionar o tempo todo se os colaboradores estão trabalhando. O que de fato é relevante, neste momento, é estabelecer as metas e os objetivos diários, deixar muito claro o que a equipe precisa cumprir", afirma Milena Bizzarri, diretora de RH, Marketing e Comunicação da Mazars.

 

A executiva ainda acrescenta que fiscalizar o horário de início e término das atividades dos colaboradores também não é importante, pois, no atual cenário, com o modelo de trabalho remoto, pode ser que outros compromissos apareçam. “Seja no preparo do almoço ou numa ida ao supermercado ou farmácia, muitos colaboradores são pais e precisam dar um suporte aos filhos, ou seja, todos estamos vivendo a mesma situação. Assim, desde que as metas diárias sejam cumpridas, não importa se estão trabalhando das 8 às 18 horas".

 

O segundo aspecto importante para a área de Recursos Humanos, de acordo com Milena, é a remodelagem das avaliações de desempenho. "A distância, não tem como observar o comportamento dos colaboradores – se a pessoa é prestativa, se está se comunicando com os demais colegas da equipe –, portanto, o RH precisa se adequar à nova realidade, entender qual é o modelo que mais se encaixa agora. Também é preciso levar em consideração que não existe um padrão. Cada segmento de atuação precisa avaliar qual será o melhor modelo. No varejo vai ser de uma forma, para a indústria será outra."

 

Em relação ao feedback, antes realizado por reuniões presenciais e agora transmitido virtualmente, a executiva diz que tanto os gestores como os colaboradores precisam ter a habilidade de comunicação bem afiada. "Agora é só voz e rosto através do computador. Antes, quando todos estavam juntos na sala, existia a linguagem corporal, uma atmosfera que envolvia um café, um quebra gelo. Com as mudanças, as conversas são mais diretas. Por isso, exige que o líder seja assertivo, e o colaborador, na outra ponta, deve saber se expressar."

 

Quando o assunto é habilidade, mesmo que algumas empresas tenham voltado para o escritório ou deixado essa etapa para o pós-pandemia, a atual realidade potencializa ainda mais a necessidade de saber se comunicar, uma competência importante e difícil de ser encontrada na visão de Milena.

 

“Outras competências essenciais são a adaptabilidade, os profissionais precisam se adaptar, pois os ambientes de trabalho podem mudar, também é crucial ter o espírito de colaboração e capacidade de automotivação", completa.

 

Para finalizar, ela lembra que a pandemia também acelerou o processo digital das empresas e todo o investimento programado para ser realizado em um ou dois anos foi feito em uma ou duas semanas. Portanto, mais do que nunca, os profissionais precisam conhecer as ferramentas disponíveis no mercado, saber como elas funcionam, quais os recursos são importantes para a rotina de trabalho. E existem muitos aplicativos que estão colaborando para ter uma rede de comunicação e produtividade dentro das organizações.

 

Imagem de abertura: Geralt/Pixabay