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09/08/2022 - 14h50

A influência de um líder: como fazer sua equipe ser mais produtiva

Um bom líder usa o seu poder de influência para mobilizar o time por meio de atitude, dizem as autoras deste artigo

 

 

Por Allessandra Canuto e Valéria Oliveira*

 

Muita coisa mudou após a ampla utilização das redes sociais e uma delas foi o conceito de influência. Se pedirmos para que pense em um influenciador, no contexto atual, é provável que venha à sua mente algum famoso com muitos seguidores. No entanto, essa ideia também pode se aplicar a um grande líder ou empresário. De qualquer forma, é quase natural que as referências sejam de indivíduos considerados “grandes”, midiáticos e, às vezes, com uma conduta inalcançável. Assim, somos convencidos de que influenciar é para alguns poucos escolhidos de um grupo seleto.

 

No entanto, na era pré-internet, o ato de influenciar se tratava de gerar uma mudança no outro, fazer bem para uma pessoa. Não importa a quantidade, se era uma ou mil. O conceito da palavra quer dizer: não é sobre mudar o mundo, mas sobre mudar o mundo de uma pessoa, independentemente da situação, seja na família, com um amigo, na faculdade, um cliente, um colega de trabalho ou um desconhecido. É voltar para a simplicidade da caridade em prol do bem comum.

 

É claro que a tecnologia trouxe muitas mudanças positivas, como maior acesso à informação, melhora na qualidade e expectativa de vida, respostas mais rápidas diante de tragédias etc. Porém, também afetou o individual e emocional das pessoas. Trouxe mudanças de comportamentos, como medir o que somos a partir de outros, comparar nossas conquistas com alguém famoso, entre outros.

 

Além disso, o que vivemos na pandemia, com quase dois anos de isolamento e inúmeras perdas, abalaram a saúde mental de forma geral. O virtual ajudou a manter um mínimo de conectividade e a realização dos trabalhos possíveis, mas gerou o distanciamento presencial e, consequentemente, o valor que há nas relações humanas que sempre conhecemos.

 

Esse tipo de mudança gera transformações que passam despercebidas no início e, quando menos esperamos, entramos em um modo automático de fazer e pensar determinadas coisas sem analisar o que está acontecendo. Passamos a questionar a necessidade de se deslocar para o trabalho, de dividir a execução das demandas presencialmente ou até de falar com determinada pessoa. Aquilo que era normal da vida perde espaço para um novo comportamento que, a longo prazo, afeta nosso emocional e como contribuímos uns com os outros.

 

Como podemos evitar esse ciclo? Talvez, a resposta seja algo mais simples, como uma criança. Nessa fase não se costuma pensar em todas as problemáticas que os adultos pensam e isso ensina muito sobre influência. Retornar para a simplicidade, do que ela significa, e ajudar uns aos outros sem se preocupar com reconhecimento, afinal, trata-se do bem do outro.

 

Assim como Zach Bonner fez aos seis anos quando um ciclone devastou a Flórida, local onde morava. Ele viu outras crianças desabrigadas, sem alimentos e, é claro, brinquedos. Ele, então, pegou seu carrinho vermelho e recolheu doações de água e brinquedos para ajudá-las. O resultado disso foi que, em um ano, ele arrecadou US$ 120 mil e deu início a uma fundação que, hoje, ajuda crianças sem teto, chamada Little Red Wagon.

 

Ele não era um empresário, nem rico, sem influências e recursos. Ele apenas olhou para o problema, pensou no que tinha disponível para ajudar e, por meio da simplicidade, iniciou um lindo trabalho. Com isso, podemos entender que o sucesso da influência não é medido por nós mesmos, por quanto nós conquistamos, mas pelo quanto a outra pessoa foi impactada. Isso contribui para o nosso emocional, traz propósito e significado e não se torna algo obrigatório, mas natural daquilo que somos como pessoas.

 

Mas, e no mundo dos negócios, como podemos aplicar?

 

Quando se trata do ambiente corporativo, a influência tem papel ainda mais relevante. A figura exemplar, normalmente, é o líder ou dono da empresa. É nele que os funcionários se espelham e tendem a copiar as atitudes. Sendo assim, é preciso que os indivíduos que ocupam essas “cadeiras” tenham comportamentos que querem ver em suas equipes.

 

Não tem como um chefe cobrar de seus colaboradores pontualidade, se chega na metade do expediente. Pior ainda: esperar que eles trabalhem duro, busquem soluções inovadoras e até que façam um bom trabalho em equipe, se ele mesmo tem o hábito de roubar ideias do seu time e levar o crédito, ou faz suas funções de má vontade.

 

Um bom líder é aquele que usa do seu poder de influência para mobilizar seu time por meio de atitudes, direcionamentos e mentoria para melhorar o desempenho de cada um. É mais do que um “vá até aquele ponto”, é um “vamos juntos até lá”. Dessa forma, mais colaboradores serão influenciados e, consequentemente, podem influenciar de maneira positiva os seus colegas. Tem forma melhor de influenciar?

 

*Allessandra Canuto é especialista em temas comportamentais e gestão da cultura e Valéria Oliveira é especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura

 

 

Foto: Divulgação