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15/07/2022 - 08h00

Liderança ou autoridade, quem está mais próximo do futuro?

Cada vez mais, líderes precisam aprender coisas novas e encorajar os times, diz especialista

 

 

 

Por Juliana Algodoal*

 

Nossas reações são automaticamente impactadas por contrariedades ou por aquilo que a raça humana mais teme: o desconhecido. Algo que ainda não foi experimentado e nos afasta da famosa “zona de conforto” causa um incômodo estranhamento. Abrir as portas para o novo é um convite para atrair a criatividade e a inovação em troca de um controle, por vezes excessivo. Isso na vida pessoal e na profissional também.

 

Ter convicções imutáveis é ser permissivo com o preconceito, atrelado aos vieses que aumentam os obstáculos, muitas vezes até opressores, contra novas ideias ou formas novas de fazer coisas antigas.

 

Recentemente, estive visitando pela primeira vez o Egito e, como se tratava de uma vigem muito planejada, mergulhei na cultura, nas curiosidades, nas regras e nas leis com muita antecedência para conseguir prever ao máximo as experiências que eu teria ao chegar lá.

 

Logo ao desembarcar, percebi como estamos cercados de informações enviesadas, cheias de rótulos e que abastecem mitos e fake news que distorcem a realidade. Achei, por exemplo, que por ser mulher, seria obrigada a usar um véu ou um pano cobrindo a cabeça o tempo todo e qual não foi minha surpresa que em momento algum isso me fora solicitado.

 

Achei que teria dificuldades para me comunicar com os guias turísticos locais, e mais uma vez fui surpreendida pela qualidade do atendimento e pela verdadeira imersão de cultura que me proporcionaram.

 

Bem rápido fui entendendo que demonstrar interesse sobre a cultura de outra pessoa pode ser um ingrediente valioso para encontrar pontos comuns e quebrar a barreira do “diferente”.

 

Isso me despertou para uma cultura incrível que não havia acessado em nenhuma fonte dos meus estudos. Ao perguntar mais, expandimos nossos conhecimentos e aumentamos nossa cultura, o que ajuda – e muito – também no nosso desenvolvimento profissional.

 

Essa surpresa com o desconhecido também é possível no mundo corporativo. Para as lideranças esse é um desafio que resulta em uma soft skill que vem sendo cada vez mais valorizada: a habilidade de aprender coisas novas e de encorajar os times.

 

O futuro aponta para uma liderança corajosa, que não teme em tentar, em fazer novas experiências, novas escolhas. A tendência de um líder apoiar, selecionar e preferir quem pensa igual a ele é tentadora, mas o fato é que essa atitude exclui, limita as equipes, desengaja, desmotiva os criativos e atrapalha o fluxo da inovação nas empresas. Essa é uma das principais diferenças entre um chefe que realmente cumpre o papel de líder e outro que opta por uma gestão mais autoritária.

 

O líder precisa ter a mente e a os ouvidos abertos para novas ideias que ajudam a quebrar rótulos desgastados de gestão e colaboram com o desenvolvimento da cultura de diversidade nos times. Ele não deve querer impor a sua cultura em detrimento da cultura dos liderados. Isso vai ficar para trás.

 

Esse líder do futuro está muito mais focado em destinar um tempo para o momento criativo da equipe e promover diálogos internos, tão importantes para incentivar a reflexão das pessoas quanto para entender quais são as possibilidades do líder a partir das ideias que surgem nesse ambiente.

 

Diante de tantos discursos e ações que visam à promoção da equidade e inclusão da diversidade nas empresas, quantos líderes estão, de fato, pensando, agindo e dando oportunidade para o diferente? Quantos estão respondendo mais “sim” do que “não” para encorajar suas equipes para o desconhecido? Certamente, esses já estão praticando a liderança do futuro!

 

 

*Juliana Algodoal é fundadora da empresa Linguagem Direta e PhD em Análise do Discurso em Situação de Trabalho – Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem

 

 

📸 Bruna Veratti