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14/04/2022 - 16h14

Anywhere office: a cultura do remoto e os desafios de quem contrata sem fronteiras

“Tivemos uma guinada na cultura organizacional”, diz a head RH Tatiana Araujo

 

 

Por Tatiana Araujo*

 

Vamos refletir: quantas crenças limitantes, padrões automáticos e paradigmas caíram por terra por causa das adaptações exigidas das empresas após a pandemia de coronavírus? Trabalhar fora do escritório com certeza foi uma das mais impactantes. Na medida do possível, do professor de educação física ao médico, do corretor de imóveis ao advogado, quase todos os tipos de profissionais tiveram que se reinventar para continuar na ativa, cumprir metas, garantir seus empregos.

 

Com as trocas que sempre tive com outros profissionais atuantes no mercado brasileiro, posso afirmar que em 2019 o home office ainda era visto dentro das empresas com bastante preconceito - no sentido de uma certeza sem embasamento. Pouquíssimas ofereciam essa possibilidade. Contudo, hoje em dia, raridade é a pessoa que não tenha em algum momento se deparado com o dilema em relação ao seu local de trabalho. Digo "local" porque, em seu estágio mais avançado, a tendência do trabalho remoto não precisa se restringir ao ambiente doméstico. Ele pode acontecer em qualquer lugar. A tecnologia já permite isso há muitos anos, só faltava mesmo incorporar o hábito.

 

Para ilustrar, temos o exemplo da guinada que tivemos aqui na cultura organizacional da Assertiva Soluções, que pouco considerava a possibilidade do trabalho remoto e hoje promove o anywhere office, oferecendo aos funcionários a possibilidade de trabalhar de onde quiserem. Inclusive, tendo contratado mais de 100 pessoas desde 2020, a empresa agora tem colaboradores vivendo em 45 cidades, distribuídas em todas as cinco regiões do Brasil. Curiosamente, em nossa pesquisa de opinião sobre a volta ao trabalho presencial, 80% preferiram manter o remoto e os outros 20% sugeriram um modelo híbrido sem obrigatoriedade.

 

E aqui vale ressaltar que, no princípio, vimos muita gente receosa com a impossibilidade de ir ao escritório. O isolamento social, tendo o medo generalizado como agravante, exigiu de muitas empresas um cuidado especial com a saúde mental. Durante o período grave da pandemia, questões emocionais – e não o fato de estar trabalhando remotamente – poderiam ter prejudicado demais o rendimento. No geral, esse suporte foi mais importante do que treinamento ou capacitação para o trabalho remoto funcionar bem.

 

Agora, o anywhere office começou a ser tão valorizado que as pessoas passaram a ter mais comprometimento – e capricho até – com os resultados, a fim de não perder o que passou a ser visto como um benefício. Principalmente para aqueles que se mudaram para longe, a fim de estar mais perto da família ou de morar em lugares que proporcionam melhor qualidade de vida. É curioso, mas esse "upgrade" na confiança mútua acabou estreitando as relações entre empresa e funcionário.

 

Por fim, acrescentaria como vantagem eterna o fato de as empresas poderem contar com a chance de recrutar talentos sem barreiras geográficas. Aqui em Campinas, por exemplo, por ser um grande polo de empresas de tecnologia, costuma ser difícil encontrar profissionais da área para o trabalho presencial. Nessa nova era, é possível alcançar pessoas super capacitadas e que ainda agregam com vivências muito distintas especialmente por serem de lugares diferentes.

 

Assim, mesmo que não haja necessidade mas haja a possibilidade, acredito que a proposta do anywhere office é um tema que estará sempre na pauta dos departamentos de Recursos Humanos. E garanto que esse é um modelo que tem tudo para beneficiar ambas as partes.

 

 

*Tatiana Araujo é head de Pessoas e Cultura da Assertiva Soluções

 

 

Foto: Divulgação/Assertiva Soluções