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05/04/2022 - 17h01

Liderança transformacional: como estimular ao máximo o potencial do seu time

Ninguém quer seguir um líder que não se preocupa verdadeiramente com seus objetivos, diz Felipe Leonard

 

 

 

Por Felipe Leonard*

 

 

Em 1978, o historiador americano James MacGregor Burns usou o termo “liderança transformacional” para descrever um processo no qual “líderes e seguidores ajudam uns aos outros a avançar para um nível mais alto de moral e motivação”. Lá se vão quase 50 anos, mas é fundamental falarmos sobre esse tema ainda hoje, dada sua atualidade e urgência.

 

De fato, a liderança transformacional reúne características excepcionais. Para começar, seu motor é a paixão por estimular as pessoas e criar soluções impactantes para os desafios que elas enfrentam. No centro dessa filosofia está o entendimento de que inspirar os colaboradores pode levar não apenas à transformação, mas também a mudanças sociais. Logicamente, o processo nem sempre é fácil, pois demanda tempo e energia, mas é extremamente gratificante.

 

É por meio de uma cultura baseada na confiança e positividade que os líderes transformacionais motivam e auxiliam seus times no que concerne a aflorar habilidades e talentos até mesmo desconhecidos. Eles incentivam o crescimento pessoal e profissional de seus liderados e estabelecem bases sólidas para a melhoria contínua, em um ambiente de trabalho que garanta qualidade de vida para todos. É um estilo de liderança que abre espaço para uma equipe mais criativa, com olhar no futuro e foco em encontrar novas soluções para velhos problemas.

 

Em linhas gerais, esse gestor é visionário, 100% centrado na força de seu time, inspirador, inclusivo, emocionalmente inteligente e colaborativo. Além disso, se esforça para colocar as pessoas antes de si mesmo, sem nunca pensar em seu próprio poder ou em como suas ações o beneficiarão individualmente.

 

Existem estudos que estabelecem uma forte correlação entre o ânimo e felicidade dos colaboradores e os resultados da organização. E, para criar motivação é preciso justamente um ambiente positivo.

 

Veja que interessante: Marcial Losada, psicólogo e economista, acompanhou durante mais de uma década a performance de equipes. Ele criou estatísticas sobre variações de desempenho ligadas aos comentários ou feedbacks positivos e construtivos versus os negativos, criando o que hoje é chamado de “linha de Losada”. O resultado? 2.9013 é a proporção mínima entre interações positivas e negativas necessárias para que um time corporativo tenha sucesso. Abaixo desse ponto crítico, o desempenho no ambiente de trabalho estará fortemente comprometido.

 

É por isso que a liderança transformacional deve ser óbvia e prioritária em organizações que pretendem melhorar seus resultados, embora em muitas, infelizmente, esse conceito não passe de belas frases grafadas na Declaração de Princípios e Valores corporativos. Citando empresário Richard Branson: “Clientes não vêm primeiro. Os colaboradores vêm primeiro. Se você cuidar de seus colaboradores, eles cuidarão de seus clientes”.

 

Nelson Mandela, Mahatma Gandhi, Abraham Lincoln, Margaret Thatcher e o próprio Branson são ícones desse estilo de gestão. Suas biografias são realmente fascinantes, não é mesmo?

 

E, veja, a boa notícia é que não é difícil exercer esse tipo de liderança. Basicamente, seus alicerces estão baseados na empatia, bom senso e consciência ética. Compartilho, a seguir, algumas dicas:

 

Demonstre paixão e positividade. Ninguém quer seguir um líder que não se preocupa verdadeiramente com seus objetivos. Por isso, os gestores transformacionais não estão focados exclusivamente em realizar suas tarefas, mas também mostram entusiasmo e interesse genuínos pelo seu trabalho, deixando evidente para as pessoas que o progresso delas é importante. Afinal, toda contribuição deve ser valorizada. Inclusive, nesse sentido, é interessante que você conheça em profundidade cada colaborador do seu time, compreendendo seus valores e motivações. Quando isso acontece, as parcerias profissionais naturalmente se fortalecem e, como consequência, os resultados melhoram. Lembre-se: a liderança transformacional diz respeito a conquistar corações e mentes e, também, a realizar trabalhos em conjunto.

 

Incentive os membros da equipe a ter voz ativa. Os colaboradores devem se sentir bem-vindos se quiserem compartilhar suas ideias. Ainda que os líderes tenham a palavra final quando se trata de decisões, esse estímulo oferece oportunidade para que cada um possa contribuir de maneira efetiva no dia a dia da empresa. É preciso promover um crowdsourcing de ideias, pois, assim, será possível extrair o melhor dos aprendizados coletivos. E cá entre nós: não é segredo que o estilo de liderança democrática incentiva um maior comprometimento, melhora a produtividade e inspira soluções inovadoras!

 

Solicite feedbacks com regularidade. É preciso ter em mente que quem está “nas trincheiras” tem uma boa visão sobre o que está funcionando e também sobre tudo aquilo que não está sendo efetivo. Assim, o líder transformacional deve pedir opiniões e insights com regularidade, certificando-se de que está sempre oferecendo oportunidades para as pessoas se expressarem.

 

Personalize tarefas com base nas habilidades de sua equipe. Parte de ser um líder transformacional é reconhecer os pontos fortes e fracos de cada um. Isso significa ser capaz de adaptar o fluxo de trabalho e o delegar de atividades, em tempo real. Se alguém está mostrando aptidão ou entusiasmo em uma determinada área, vale recompensar com elogios e incentivos e responsabilidades adicionais. Por outro lado, se algum colaborador estiver falhando em suas funções, talvez seja necessário descobrir outros afazeres para que ele possa desenvolver seu potencial.

 

 

*Felipe Leonard é CEO e presidente da S.I.N. Implant System

 

 

Foto: Divulgação