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10/02/2022 - 11h52

Burnout e boreout: como ajudar um colaborador que está em crise?

Diretor de Psiquiatria da eCare fala do efeito explosivo da pandemia combinada com excesso de trabalho

 

 

 

Por Primo Paganini*

 

 

O ambiente profissional nem sempre é um mar de rosas. Muitas vezes, é um local de muito estresse, desmotivação e cobranças, gerando problemas de saúde mental que afetam não só o desempenho dos colaboradores, como também o seu bem-estar. Por essa razão, desde 1º de janeiro, a síndrome de burnout passou a ser considerada uma doença ocupacional e teve sua inclusão na CID (Classificação Internacional de Doenças) pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Agora, um colaborador que for diagnosticado com isso tem os mesmos direitos trabalhistas e previdenciários assegurados que aqueles diagnosticados com as demais enfermidades relacionadas ao emprego.

 

A combinação tóxica da pandemia com excesso de trabalho e ausência de pausas teve um efeito explosivo na cabeça dos brasileiros. Segundo um levantamento da Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse no Brasil, esta enfermidade acomete 30% dos profissionais nativos.

 

Burnout nada mais é que o esgotamento físico e mental de um indivíduo. Ele também pode causar baixa autoestima, sensação de incompetência, irritabilidade, problemas de memória, foco e concentração, alterações do sono, dores generalizadas e mudanças gastrointestinais e de apetite causados pelas atividades laborais.

 

Essa síndrome pode ser desencadeada pelo excesso de trabalho, uma alta taxa de cobrança sem fornecimento de ferramentas e condições adequadas para que o colaborador desempenhe suas funções, pressão psicológica e ausência de reconhecimento pelo que foi realizado.

 

Para que isso não ocorra dentro de uma empresa, é preciso que os líderes enxerguem seus liderados de forma humanizada, estimulando o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, garantindo as ferramentas corretas de trabalho, estimulando uma competitividade natural e comunicação. Isso contribui para um ambiente mais saudável.

 

No entanto, ainda assim casos podem aparecer. Nessa situação, o ideal é acolher o funcionário e encaminhá-lo para um psicólogo e psiquiatra para que possa ter acesso a um tratamento de suas questões.

 

Diferentemente de burnout, a síndrome de boreout está relacionada ao tédio, a falta de motivação relacionada ao trabalho, procrastinação recorrente, irritabilidade e problemas de concentração. Ainda que pareça, essa doença não é menos grave ou importante que a anterior.

 

Ela também pode trazer impactos na saúde e no desenvolvimento profissional. Isso porque o colaborador não se sente estimulado a sair de sua zona de conforto, não é “desafiado” a crescer, ou até não recebe o reconhecimento de sua entrega e competência.

 

Quando há um caso como este na equipe, o líder em conjunto com a empresa deve pensar em um plano de ação que estimule o funcionário a utilizar sua criatividade e iniciativa ao lidar com a rotina laboral diária, contribuir para o autodesenvolvimento e, se possível, auxiliar na atualização profissional.

 

Para evitar que a companhia seja afetada por essas síndromes muito sérias, a mudança ou a inserção de uma cultura organizacional preocupada, atenta e disposta a trabalhar em conjunto pela saúde mental dos seus colaboradores podem contribuir para o controle ou até ausência de casos.

 

*Primo Paganini é diretor de Psiquiatria da eCare

 

 

Foto de abertura: Divulgação/eCare