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04/02/2022 - 09h46

Atenção ao funcionário: as vantagens de oferecer folgas e períodos sabáticos

Licenças não remuneradas ajudam a preservar a saúde mental, diz Felipe Calbucci, do Indeed, neste artigo

 

 

 

Por Felipe Calbucci*

 

Nos dois últimos anos, a nossa relação com o trabalho foi drasticamente alterada. Com as casas tornando-se salas de reuniões virtuais, nosso cotidiano foi modificado, dando fim ao que separava a vida pessoal e o trabalho.

 

Uma pesquisa feita pelo Indeed em 2021 com mais de 730 brasileiros, mostrou que algumas pessoas identificaram benefícios com o trabalho remoto, como passar mais tempo com a família (49%), e até mesmo ter mais tempo para estudar mais (31%) ou comer melhor (28%). Por outro lado, há aqueles que se sentiram sobrecarregados com o home office, 18% dos entrevistados sentiram que sua saúde mental piorou durante o trabalho remoto, mostrando que esse novo modelo pode trazer esgotamento mental.

 

Um levantamento realizado pela Isma-BR (Associação Internacional de Gerenciamento do Estresse) mostrou que, dos brasileiros que estão no mercado de trabalho, 72% sofrem com alguma sequela ocasionada pelo estresse, desses, 32% sofrem de Burnout, síndrome resultante do estresse crônico no trabalho. A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que esse percentual é um dos mais altos do mundo. Por isso, atentar-se às necessidades dos colaboradores, tornou-se uma questão de extrema relevância para recrutadores e profissionais de RH, mostrando sinais de uma mudança de mindset das empresas.

 

Defina ações

Uma das respostas para tentar diminuir o nível de estresse dos colaboradores é ser flexível e tentar incentivar que eles tirem períodos de folga. Atentar-se à saúde dos funcionários não é apenas um gesto simpático, mas sim um bom negócio. As empresas que investem em saúde e bem-estar, saem na frente na retenção de talentos e economizam a longo prazo.

 

Um recurso comum é a empresa proporcionar dias de descanso remunerados. Mas, uma vez que os trabalhadores esgotam esses dias e ainda assim se sentem exaustos e sobrecarregados, é hora de partir para outra alternativa. As licenças não remuneradas ou períodos sabáticos podem ser usados de acordo com a necessidade do trabalhador, seja para uma recarga criativa, uma pausa na carreira, cuidar de um membro da família, estado de espírito ou uma atualização acadêmica.

 

Os motivos são diversos e é importante que tanto o empregador quanto o funcionário estejam preparados para essa conversa. É preciso estabelecer uma política interna com cláusulas claras e explícitas de quando o aviso deve ser dado e do número de dias que o funcionário terá o direito, para que o trabalhador esteja ciente de suas opções. Além disso, deve-se levar em consideração a legislação trabalhista de cada uma das entidades ou mesmo do país.

 

O que a empresa ganha?

A Harvard Business Review detalha em um artigo que o tempo de folga não remunerado se torna uma ferramenta poderosa para as empresas, independentemente do momento histórico. O fato de o trabalhador recarregar e retornar com maior fôlego e ideias frescas são vantagens que fortalecem o planejamento e a operação da empresa.

 

O benefício é evidente não só na área operacional, pois um líder pode usufruir de um período sabático e assim a empresa pode melhorar a formação para os futuros líderes. É uma oportunidade de descobrir novas habilidades em seus colegas e até descobrir uma pessoa extremamente valiosa que desempenhava tarefas fora de seu verdadeiro talento. Este é o momento para que as organizações mostrem empatia e valorizem seus funcionários. Oferecer períodos de descanso pode ser benéfico para ambas as partes e algo que trará resultados incontestáveis.

 

 

*Felipe Calbucci é diretor de Vendas do Indeed no Brasil

 

 

Foto de abertura: Divulgação/Indeed