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06/12/2021 - 10h23

O papel da liderança para o employee experience

Com líderes ativos e engajados, é possível construir um ambiente inclusivo e aberto a jornadas transformadoras

 

 

Por Augusto Neves*

 

 

O conceito de employee experience demonstra a importância de se contar com uma governança que, além de tornar possível a criação de experiências pessoais enriquecedoras, se apoia em medidas e ações que favoreçam a jornada de cada um dos envolvidos na rotina operacional, respeitando particularidades e características que são únicas de todos os colaboradores. Entretanto, para organizações de tamanhos e segmentos diferentes, essa é uma missão que demanda tempo e dedicação, incluindo a figura do gestor, um dos grandes referenciais dentro de uma empresa.

 

A liderança tem um papel fundamental nesse cenário, pois precisa estimular e criar um ambiente corporativo propício para que essa transformação aconteça. Ter um espaço que reconheça que o erro faz parte do processo de aprendizado, incentivando a persistência, é um diferencial relevante nesse contexto. O leão, por exemplo, é um animal que, a cada dez tentativas em consolidar um ato, costuma fracassar em até 70% das ocasiões, mas a persistência o torna o Rei da Selva, apesar das falhas que naturalmente acabam ocorrendo. Outro aspecto que carece de atenção é fomentar uma cultura interna não tóxica, isto é, flexível quanto à criatividade dos profissionais. Aqui, o foco maior deve ser em uma comunicação transparente, na liberdade, autonomia e no autogerenciamento.

 

Liderar é transformar

Se, por um lado, o avanço de soluções digitais é uma realidade praticamente irrefreável, os desafios para empresas alinhadas com o futuro não se limitam à tecnologia. No que diz respeito à gestão de pessoas, mostra-se prioritária a tendência de se reunir pilares de resiliência em um campo corporativo que visualize o componente humano com a devida complexidade, oferecendo meios para que um senso de pertencimento seja disseminado entre os departamentos. Os líderes, evidentemente, cumprem uma função decisiva para que essa mudança seja implementada e absorvida pela cultura organizacional empregada. Isso deve partir de um pressuposto fundamental: liderar é transformar.

 

Não por acaso, a liderança transformacional representa uma linha de mentalidade compatível com os tempos atuais. O objetivo maior é, entre outras finalidades, estimular o melhor de cada profissional, guiando as pessoas para atuações com mais autonomia, independência e inovação. Bem como o termo customer experience sugere – colocar o cliente como um personagem complexo a ser lapidado por políticas de relacionamento personalizadas –, com o colaborador não é diferente, afinal, são os principais encarregados por conduzir determinado negócio ao sucesso.

 

A relação com o RH

O departamento de RH pode e deve contribuir para que esse quadro seja desenhado dentro da companhia, de modo a incluir iniciativas e hábitos voltados para o desenvolvimento coletivo, utilizando a figura do líder como um referencial inegável. Trata-se de um caminho a ser percorrido com o auxílio de ferramentas inovadoras e, principalmente, a aplicação de metodologias que criem um espaço de proximidade entre todos, deixando para trás aquela sensação de que o colaborador está limitado a sua própria rotina.

 

Construir uma marca do empregador positiva e que demonstre bons valores é um compromisso compartilhado por muitos, isso é fato. Porém, atingir esse nível satisfatório no que tange o employer branding requer investimento no fator humano, e isso passa diretamente pela gestão de pessoas. É preciso ter em mente que profissionais valorizados são verdadeiros ativos, sendo determinantes para o posicionamento comercial e a imagem transmitida externamente.

 

Por que isso é tão importante para as empresas?

Investir em employee experience de modo que o mesmo seja normalizado também é uma questão competitiva. Os líderes têm um forte impacto sobre a relação do ambiente cultural e os profissionais, transmitindo valores e novos métodos de trabalho, que os beneficiem sob uma ótica voltada para a valorização humana. Logo, a organização terá condições de sustentar uma rotina de operações com mais engajamento e produtividade, fato que abrirá portas para oportunidades promissoras, em diversos aspectos.

 

Encerro o artigo destacando a concepção de que uma cultura de pessoas, mesmo que inserida no ambiente corporativo, não precisa ser delimitada por pensamentos que não mais convergem com a atualidade. Isso não significa abdicar de preceitos básicos para o funcionamento das atividades, mas ter a consciência de que contribuir para o crescimento dos colaboradores é o mesmo que potencializar o alcance e a perspectiva estratégica do negócio tendo o fator humano como protagonista de sua própria jornada.

 

*Augusto Neves é diretor de Gente e Gestão da Serede/Rede Conecta

 

Foto de abertura: Raphael Monteiro