Notícia

Artigos

09/08/2021 - 11h50

A felicidade do seu colaborador te interessa?

Uma cultura de bem-estar implica sentimento de respeito, diz Maria Eduarda Silveira neste artigo

 

 

 

Por Maria Eduarda Silveira*

 

 

Uns vão achar meio invasivo, afinal, em tese, não temos que nos meter na vida pessoal dos colegas de trabalho. Outros vão entender o recado: a felicidade aqui tem mais a ver com um estado de bem-estar e isso envolve diretamente o ambiente profissional. Não à toa: passamos um terço dos dias úteis trabalhando, ou mais, se considerarmos os deslocamentos (quando a pandemia acabar, claro). A pergunta, portanto, é muito coerente: pensar na felicidade do colaborador é humano e também estratégico para os negócios.

 

Uma pesquisa da IBM Institute for Business Value realizada este ano com 3 mil CEOs globais não nos deixa mentir: para 47% deles, o bem-estar dos colaboradores será priorizado mesmo que isso custe alguma perda de lucratividade.

 

Devemos admitir que o tema bem-estar/felicidade é muito recente dentro do desenvolvimento da ciência humana. Está principalmente relacionado à Psicologia Positiva, uma vertente da Psicologia e tem, em outros países, um maior fomento a análises científicas do ambiente profissional.

 

Entre os precursores está o psicólogo e ex-presidente da Associação Psicológica Americana, Martin Seligman que, na década de 1990, mostrou a importância de estudarmos também os sentimentos positivos, como felicidade, gratidão, não apenas os negativos, como a tristeza e a depressão. Segundo ele, o pessimista não nasce, é criado.

 

CULTURA ORGANIZACIONAL E FELICIDADE

É nesse ponto que podemos fazer um bom paralelo com o mundo corporativo. Não apenas com uma visão simplista do tema, em que benefícios como kit boas-vindas, acesso a academia ou pufes em sala de descompressão sejam a representação de políticas de bem-estar. Isso ajuda a compor um ambiente agradável, claro, mas a base do sucesso está, precisamente, no desenvolvimento de uma cultura que tenha essa questão como uma das premissas mais fortes da organização.

 

Vejamos:

 

Na sua empresa, as pessoas conseguem fazer o horário da refeição sem interrupções? É tolerado um papo mais informal com colegas? Você tem um momento da semana para usar uma roupa um pouco mais casual? A sua liderança é acessível para uma conversa franca sobre os pontos que ela precisa melhorar para o bom desempenho do trabalho? As políticas de desenvolvimento profissional estão bem desenhadas e justas para todos? Os méritos são reconhecidos publicamente e, as correções, realizadas individualmente?

 

Veja que esses e muitos outros pontos estão ligados à forma como a empresa lida com seus colaboradores nos mais diversos momentos e em como a cultura daquele lugar reflete em seus colaboradores.

 

O que tenho visto nestes anos de atuação com RHs é que o bem-estar está diretamente associado ao quanto as pessoas se sentem respeitadas dentro do ambiente e conseguem desenvolver seus potenciais em plenitude. Pesquisas de instituições renomadas já comprovaram que há uma relação direta disso tudo com o aumento de lucratividade e redução de absenteísmo e turnover.

 

Quanto antes a sua empresa entender que sim, a felicidade do colaborador é do seu interesse, mais cedo colherá (bons) frutos dessa relação. Afinal, quando falamos sobre sustentabilidade de um negócio, também é sobre isso que estamos falando!

 

* Maria Eduarda Silveira é CEO da Bold HR 

 

Foto de abertura: Divulgação/Bold HR