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07/05/2021 - 00h40

Princípios – Não é mais a “qualquer custo”

Não existe lugar melhor para a prática dos princípios do que uma empresa, diz Mariana Adensohn.

 

 

Por Mariana Adensohn*

 

Existe uma frase, que gosto muito, de Aristóteles, filosofo grego – um dos mais importantes formadores da nossa civilização ocidental – que diz: “A felicidade é o sentido e o propósito da vida, o único objetivo e a finalidade da existência humana”.

 

Nos último anos, ouvimos muito sobre a busca do propósito, sobre o que nos faz levantar da cama todos os dias. É no propósito que está resumido todo o esforço das pessoas, dos grupos, das nações. O propósito está diretamente conectado à busca da felicidade, seja trabalhando, passeando ou jogando, orando, amando ou guerreando – todos queremos ser felizes. O santo, o bandido, o político, o empresário, o esportista estão sempre fazendo o melhor que podem, em busca do seu propósito, da sua felicidade e para isso usam os recursos que têm. Cada um, à sua maneira, está correndo atrás da felicidade.

 

Nada fazemos sem um propósito. Sempre temos algo em mente, de modo consciente ou inconsciente. Sempre queremos atingir algo, realizar alguma coisa, alcançar algum resultado. De forma simples, resumo sob meu ponto de vista, o que é necessário para ter um propósito de vida.

 

Um propósito exige mais do que ação e reação instintivas. É preciso:

 

•             Ter consciência da intenção que move o propósito de vida.

•             Ter vontade de alcançar algo, fazer acontecer.

•             Coletar informações para saber se o que almeja é possível e viável.

•             Tomar uma decisão, o que envolve também postergar ou abrir mão de alternativas.

•             Agir. Fazer um plano de ação a fim de alcançar o que você deseja.

 

Entre nós, geralmente, é preciso levar em conta o benefício (ou o prejuízo) que pode afetar a outras pessoas com o que se quer realizar. Às vezes, não pensamos no entorno.

 

Pois bem, propósitos. Toda empresa tem um e todas as pessoas também possuem o seu.

Uma ótima notícia: ele pode MUDAR. PODE MUDAR SIM. Tudo bem você querer alguma coisa hoje e não querer amanhã. Nós evoluímos, amadurecemos, coisas que fazem sentido hoje podem não fazer amanhã, E ESTÁ TUDO BEM.

 

Acho que o propósito é algo claro para todos e nós, profissionais de RH, administramos todas as nossas iniciativas baseadas nele, no propósito. Isso ficou latente nos últimos anos.

 

No ano passado, com a pandemia e toda a adversidade que tivemos que enfrentar para estarmos aqui hoje, mesmo com todas as perdas que tivemos, chegou a hora de fortalecer o PRINCÍPIO, porque o propósito mudou e vai mudar cada vez mais.

 

Princípio pode ser entendido como aquilo que vem antes, começo, início. Princípios são as nossas raízes morais e éticas que pautam a nossa conduta. No linguajar popular é comum ser dito: fulano é uma pessoa de princípios!

 

Princípio vem conectado a valores inarredáveis. Como se fossem linhas mestras, dentro das quais, alguém se movimenta.

 

Com essa breve introdução fica fácil perceber que os princípios têm uma função importante, sobretudo para a vida em sociedade. Não existe lugar melhor para a prática dos princípios do que uma empresa. Se os princípios indicam com agir individual, determinados valores, ligados a um comportamento ético, justo e moralmente corretos e certo que também estão ligados ao respeito, vão ao encontro do tão propagado e esperado civismo.

 

Os princípios dão base para a formação dos valores. Enquanto princípios definem regras essenciais que beneficiam um sistema maior que é a humanidade, valores são regras individuais que orientam, como bússolas internas as relações, as decisões e as ações.

 

Creio que este será um ano importante para conectar fortemente os princípios e valores organizacionais aos princípios e valores individuais de cada colaborador.

 

Estamos em uma empresa por dois motivos: resolver problemas e gerar oportunidades. Essas premissas agora vêm de encontro à seguinte frase: a que custo vamos resolver problemas e gerar oportunidades.

 

Nós, profissionais de RH, seremos a mola propulsora para a busca do propósito e da felicidade de cada indivíduo dentro da organização. Nós seremos os responsáveis por estimular a liderança a entender o que é importante para cada pessoa (e podem ter certeza de que a necessidade de um é diferente da do outro).

 

Eu posso trazer exemplos simples do que eu vivi com meu time no ano passado: a adaptação ao home office, horário de trabalho x rotina da casa, forma de reconhecer… isso tudo está conectado aos princípios e valores individuais de cada um. Não vamos mais criar políticas, burocratizar processos; agora precisamos simplificar para elevar a sensação de bem-estar das pessoas. Tratar de forma individual, entendendo os princípios e estimular as pessoas, mesmo com a barreira física imposta pelo distanciamento social, será o grande desafio da nossa área.

 

*Mariana Adensohn é diretora de Pessoas para América Central da Z-Tech Middle Americas

 

Foto de abertura: Divulgação