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06/04/2020 - 15h16

Artigo - Os longos caminhos curtos

Estamos num ponto de possibilidade de mudança de rota, diz o executivo de RH Marcelo Madarász

 

 

Por Marcelo Madarász*

 

Março de 2020 será um mês que definitivamente constará nos livros de história. Se não podemos afirmar que a humanidade nunca mais será a mesma, dada a complexidade e imprevisibilidade do ser humano e de seu comportamento, certamente podemos afirmar que muitas coisas mudarão radicalmente.

 

Estamos falando de um fenômeno social que tem tantas variáveis e que traz um aspecto inédito em muitas de suas facetas, que raramente alguém pode se dizer especialista no todo. Há desdobramentos para a área médica, não apenas infectologia, mas, também, psiquiatria e outras áreas, como para a psicologia, sociologia, estatística, psicanálise, administração de empresas, política. Não vamos entrar na seara do nosso Brasil no aspecto da política, pois, muito antes da pandemia, já existiam componentes bastante sórdidos no cenário político de nosso país e este momento especial só acentuou o lado sombra e o lado luz de nossos políticos e dos seres humanos de forma geral.

 

As pessoas que tinham um comportamento egoísta e revelador de um baixo nível de consciência só tiveram essas características muito acentuadas. As que já possuíam uma visão de mundo inclusiva, baseada em valores, ética e bem comum, que revelam a elevação de seu nível de consciência, também tiveram uma intensificação desse lado e, por isso, podemos ver no mundo inteiro muitas manifestações de solidariedade, filantropia, altruísmo, cuidado com o próximo – e, aqui, quero dizer que o próximo é inclusive alguém distante. O próximo é o outro, um ser humano que para alguns tornou-se invisível e eliminado do campo de preocupação, quase que inexistindo. Para outros, aqueles que trilharam a jornada da evolução e perceberam que este caminho é: eu, nós, todos os outros, todos os outros possíveis somos objeto de preocupação, acolhimento e cuidado.

 

Estamos num ponto de possibilidade de mudança de rota. Os bons devem continuar sendo bons, os maus podem continuar sendo maus ou podem mudar seu caminho. Alguns poderão crescer pela dor, já que não conseguiram fazê-lo pelo amor, outros finalmente poderão acordar de seu profundo estado de torpor, uma espécie de transe coletivo.

 

Mais uma vez, cabe a cada um usar de seu livre arbítrio e tomar decisões que serão a pedra fundamental de seu próprio futuro. Como disse o rabino Nilton Bonder, será que escolheremos os longos caminhos curtos ou os curtos caminhos longos? Essa é uma encruzilhada para o ser humano e oxalá possam decidir pelos caminhos que permitirão a evolução não apenas individual, mas da espécie humana.

 

*Marcelo Madarász é diretor de RH para América Latina da Parker Hannifin

 

Foto: Fabio Chiba