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20/11/2019 - 15h41

O que aprendi ao gerir uma equipe de trabalho remota

Em seu artigo, Wendell Toledo afirma que o trabalho a distância ajuda a acabar com reuniões desnecessárias

 

Por Wendell Toledo*

 

Mesmo antes de fundar a Artluv, já era empreendedor e fui executivo de corporações de grande porte. Por isso, posso dizer com toda certeza que o modelo de uma startup é mais desafiador do que parece. Sem hesitar, digo que os ensinamentos mais interessantes que tive foram os de gerir uma equipe remota. Até então, eu estava acostumado com espaços físicos, com pessoas dividindo o mesmo teto. Para lidar com esse novo modelo de trabalho, tentei me antecipar e prever o que poderia enfrentar: "como construir uma cultura empresarial estimulante?" e "qual a melhor plataforma de comunicação?" foram alguns questionamentos que ajudaram a arquitetar minha empreitada. Porém, na hora da ação, tive que lidar com uma questão muito mais humana e pessoal: o perfil dos colaboradores.

 

Existem diversos perfis de pessoas e todos eles são importantes. Assim como o "in loco" pede algumas competências, o remoto também. Com o tempo, pude notar um padrão de aptidões daqueles que se adaptam melhor ao trabalho remoto. Tais profissionais são proativos, comprometidos, disciplinados e organizados. Apesar de todas as habilidades citadas serem relevantes, gostaria de ressaltar a organização. Essa capacidade se torna crucial no home office, já que é necessário compartilhar reports sobre atividades. Destaco que esse comportamento não deve ser esperado apenas dos colaboradores, as lideranças também devem ter e inspirar essa conduta.

 

Assim como no modelo de trabalho tradicional, o relacionamento entre líderes e seus liderados deve ser fundamentado na troca. O ruim é quando tais compartilhamentos se tornam reuniões desnecessárias. No remoto, vi a diminuição do que eu carinhosamente apelidei de "síndrome de reuniões". Conhece a frase que anda circulando na internet: "Fui a uma reunião que poderia ter sido um e-mail"?. Ao meu ver, no trabalho remoto, é possível diminuir esse desapontamento. Além disso, quando surge algo que deve ser discutido, podemos solucionar por meio de uma videoconferência.

 

Engana-se quem acha sou contra reuniões presenciais, apenas defendo que sejam encontros estratégicos. No caso de uma equipe remota, reuniões são importantes para o alinhamento de metas e para feedbacks. Para não serem maçantes ou inconstantes, o ideal é que tais encontros sejam semanais ou a cada quinze dias. Além de servirem para ajustes táticos, esses momentos fortalecem a cultura empresarial e o espírito de trabalho em equipe. Um dos maiores equívocos que já ouvi sobre o trabalho remoto é que o engajamento dos profissionais é baixo. Acredito que a realização dos colaboradores é mais impactada pela postura das lideranças do que pela modalidade de trabalho. Claro, incentivar o time é um desafio, mas é uma dificuldade que ambos modelos enfrentam.

 

Apenas gostaria de deixar mais um aprendizado, que soa como um conselho: a simples redução dos custos operacionais não pode ser o objetivo para a decisão de trabalhar remotamente, mas, sim, a melhora por qualidade de vida e aumento de produtividade. Por último, não há certo ou errado, existe o mais adequado para o momento no qual sua empresa se encontra e em quais condições de cenário você atua.

 

*Wendell Toledo é fundador e CEO da Artluv, art-tech que conecta artistas e clientes ao ecossistema de arte, e CEO e sócio da Blachere Iluminação Brasil, empresa desenvolvedora de tecnologia e design

 

Foto: Divulgação