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15/04/2019 - 11h00

Confiança: Combustível da Colaboração nas Equipes de Alto Desempenho

Por Raimundo Ramos*
 
Algum tempo atrás, li um artigo no New York Times (What Google Learned From Its Quest to Build the Perfect Team) que trazia pontos bem relevantes quanto à construção de times de alto desempenho e a respeito dos aspectos que influenciavam esse processo. Essa foi uma pesquisa desenvolvida ao longo de quatro anos. O Google contratou uma equipe de especialistas para estudar de maneira abrangente esse tema, em ação que denominou como projeto Aristóteles em razão da máxima do filósofo: “O todo é maior que a soma das partes”.
 
Uma das principais características das equipes de alto desempenho, entre as cinco listadas por eles, está a “segurança psicológica”, que trata da liberdade que os membros dessa equipe têm para falar/opinar/sugerir sem receber algum tipo de censura prévia, além da liberdade para tentar o novo sem ser punido pelos pequenos erros, caso eles ocorram. E esses são os pontos essenciais quando falamos da construção da confiança nas equipes de alto desempenho.
 
A confiança tem se apresentado como um dos pontos essenciais na melhora significativa do desempenho e na disposição de equipes, principalmente quando o assunto é a colaboração. Ao longo dos últimos dois anos, temos atuado com diversas equipes em diversas organizações, contribuindo com elas no aperfeiçoamento da colaboração, com resultados bem significativos. E tenho visto que muitas dessas empresas estavam atentas para as necessidades de mudança para incentivar um ambiente mais colaborativo para suas equipes em busca de melhores resultados, visto que o ambiente de negócio tem se tornado mais complexo e desafiante (VUCA). O que víamos como modelos que antes funcionavam, hoje precisam ser revistos e readequados às novas necessidades do ambiente de negócio.
 
O economista americano Paul J. Zak, que atua na área de neuroeconomia da Universidade de Claremont, na Califórnia, desenvolveu uma pesquisa nas últimas duas décadas sobre o impacto da confiança nos resultados da equipe e o impacto nas organizações. O resultado está no no livro Trust Factor: The Science of Creating High Performance Companies. Zak chegou à conclusão de que empresas que evoluíram para um patamar elevado de confiança geraram um aumento da receita por empregado em 10.000 US$ por ano (estudo com 300 grandes organizações nos EUA).
 
O número de metodologias com foco no processo de autonomia dos membros da equipe tem aumentado, e algumas delas, quando bem implantadas, conseguem resultados bem significativos. Ex Agile, Design Thinking, Sociocracia... Essas metodologias, para que funcionem de forma adequada, requerem autonomia e confiança nas relações/interações e processos em prol de um objetivo ou resultado, além de papéis claros. Quanto mais o ponto crucial é a autonomia, mais desafiante fica o processo do relacionamento entre os membros da equipe.
 
Outro aspecto se refere às organizações responsivas, aquelas que são ágeis na resposta da necessidade do mercado e inovação. Aí, três características são essenciais: Times trabalhando com autonomia, pessoas empoderadas para mudar a própria realidade e processos transparentes.
 
Em tempos de transformação digital, agilidade, responsividade e inovação, sempre teremos como um dos pontos essenciais as relações humanas nesse processo, e a confiança/colaboração é parte importante nesse contexto. A confiança gera lucro!
 
*Raimundo Ramos é sócio e consultor da Taion Consultoria Organizacional