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11/01/2018 - 15h00

Que tal unirmos as gerações para juntar todas as peças?

Por Henrique Vailati*

 

Já imaginou um quebra-cabeça montado pelas quatro gerações: baby boomers, X, Y e os millennials? Estariam suas peças perfeitamente em seus devidos lugares?

 

Fazendo uma analogia com o mundo empresarial, responderia que sim. Acredito que a convivência e a colaboração entre as gerações é extremamente benéfica para fortalecer nossas relações e alavancarmos projetos inovadores. A diversidade, seja ela cultural, de nacionalidade, de orientação sexual, seja de idades, é uma realidade fundamental para nos desafiarmos a cada dia e fortalecermos os alicerces de uma companhia de sucesso.

 

Uma pesquisa realizada pela Amcham do Brasil, diz que 75% das empresas relatam ter problemas com conflitos de gerações. Discordo que esses desentendimentos são relacionados às idades diferentes. Entendo que todas as pessoas querem a mesma coisa: reconhecimento pela sociedade, progredir na carreira, ser feliz. O conflito está, sim, nos valores de cada um e não exatamente nas gerações.

 

Segundo o relatório "Motivated by Impact", escrito em 2016 pela Economist Intelligence Unit (EIU), braço de pesquisas do grupo The Economist, 56% dos millennials dizem que nunca trabalhariam para uma empresa se não acreditassem em seus valores. Outros 87%, de 29 países diferentes, acreditam que sucesso nos negócios não é apenas sua performance financeira. E 93% acreditam que impacto social é ponto-chave na hora de tomar decisões de investimentos. Este é um típico retrato dos colaboradores de startups, uma tendência mundial. Por outro lado, muitas delas têm como investidores os baby boomers, que seguem o ritmo acelerado também na fundação de consultorias especializadas em diversos mercados. Há espaço para todos, cada um contribuindo com o que tem de melhor, em busca daquilo que acredita ser o certo.

 

É preciso mais resiliência de ambos os lados: jovens e veteranos. Os mais velhos não estão deixando os millennials, os cerca de 1,8 bilhão de jovens nascidos entre 1980 e o começo dos anos 2000, por exemplo, se frustrarem. Os mais novos, por sua vez, não respeitam a experiência de vida de gerações anteriores que são flexíveis e aprenderam a trabalhar sob pressão, conviveram com a inflação, com a ditadura e foram às ruas pedirem o primeiro impeachment do Brasil.

 

Outro ponto a considerar é que a população está ficando cada vez mais idosa. Estudos já mostram que, em 40 anos, ela vai triplicar no Brasil, passando de 19,6 milhões (10% da população brasileira), em 2010, para 66,5 milhões de pessoas, em 2050 (29,3%), de acordo com o IBGE.

 

As gerações não precisam ser excludentes. Lidar com essa questão de inclusão é conscientizar a empresa de que cada geração pode contribuir com seus diferentes pontos de vista, e que o mais importante é ser flexível para aproveitar os benefícios dessa união.

 

O que percebo no fantástico mundo empresarial é que a falta de vontade da compreensão e aceitação mútuas entre as gerações e seus diferentes valores, pode fazer com que algumas peças de um grande quebra-cabeça não se encaixem. O sucesso de qualquer projeto se dará pela comunicação e trabalho colaborativos, ferramentas poderosas capazes de ajudar a resolver qualquer "jogo", por mais complexo que seja.

 

*Henrique Vailati é diretor de Recursos Humanos e Comunicação da Roche Diagnóstica