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15/01/2018 - 10h00

Absorção de conhecimento – existe melhor forma para aprender?

Por Rui Pimenta*

 

O mercado de trabalho está cada vez mais competitivo. Isso não é novidade. Em 2017, o IBGE contabilizou cerca de 14 milhões de pessoas sem emprego no Brasil e a taxa de desemprego aumentou 13,7% no primeiro trimestre desse ano. Com índices como esse, reinventar-se como profissional é questão de sobrevivência no mercado de trabalho. Agora, mais do que nunca, é preciso ir atrás de cursos de pós-graduação, MBAs, especializações e, principalmente, aperfeiçoamento de um segundo idioma.

 

Dominar o inglês é requisito faz algum tempo e ter fluência no idioma virou, até mesmo, critério de escolha primário entre os recrutadores. Isso ocorre pois é muito comum que executivos conversem e negociem com profissionais de outros países – e o inglês é idioma universal. A 53° Pesquisa Salarial da Catho reforça essa importância. Divulgada em abril deste ano, ela aponta que um coordenador ou supervisor com inglês fluente tem salário, em média, 61% maior do que outro profissional sem domínio do idioma.

 

Sabemos que aprender outro idioma não tem idade. Quando crianças, temos mais facilidade na absorção de conhecimento. Sempre ouvimos que "crianças são esponjas" e é a mais pura verdade. A estrutura do cérebro de pessoas bilíngues é diferente desde os primeiros anos de idade. Pesquisas compararam a diferença entre bebês que crescem aprendendo dois idiomas com aqueles que possuem contato apenas com um durante o desenvolvimento. Os bilíngues tendem a observar a boca dos interlocutores quando eles falam e não os olhos, assim como fazem os bebês em contato com apenas um idioma. Alguns estudiosos acreditam que eles buscam sinais não verbais quando interpretam a mensagem. Crianças bilíngues analisam vários outros sinais além das palavras quando interagem com alguém. Além disso, os dois idiomas ficam ativos a todo momento, por isso a criança escolhe qual utilizar quando se comunica. Isso faz com que o cérebro se exercite o tempo todo e, consequentemente, se desenvolva muito mais.

 

Já na fase adulta, esse aprendizado de outro idioma é mais complexo, mas longe de ser impossível. Frequentar aulas regulares, duas vezes por semana, é um caminho? Claro. Mas existem opções para conseguir absorver melhor o conteúdo, fixar a informação e tentar acelerar esse processo de aprendizagem. O cérebro precisa ser estimulado o tempo todo para aprender: assim como um músculo, ele precisa de provocações constantes para se manter ativo e absorver mais conhecimento. Foi descoberto, inclusive, que aprender outro idioma, além do nativo, é uma das formas mais eficientes de estimular o cérebro.

 

Grande parte da retenção de conhecimento pelo nosso cérebro se deve a discussões em grupo ou atividades práticas. De acordo com o filósofo chinês, Confúcio, "o que eu ouço, esqueço; o que eu vejo, eu me lembro; o que eu faço, compreendo". Ou seja, quando adultos, aprendemos mais com experiências. Conversar sobre algo, discutir um tema ou realizar exercícios ajudam a fixar a informação muito mais rápido. Então, uma boa alternativa para obter fluência em outro idioma é vivenciar a cultura da localidade de interesse. 

 

O aprendizado é dividido, basicamente, em três etapas principais: conhecer a gramática, ter boa pronúncia e conquistar amplo repertório de palavras. Com aulas regulares você consegue aperfeiçoar todas essas fases, mas em uma velocidade menor. Afinal, só há contato e imersão no idioma naquela janela de duas ou três horas semanais. Já durante um intercâmbio, é possível aprender a gramática e praticar a fluência a todo momento. O aprendizado não se restringe à sala de aula. O contato com o idioma dura 24 horas por dia, nos cafés, bares, restaurantes... E nada mais importante para um bom vocabulário do que a prática.

 

Além de melhorar o currículo, conseguir oportunidades mais interessantes e desenvolver o cérebro, dominar outro idioma tem outras vantagens. Uma delas é o que apontou uma pesquisa comandada por psicólogos da Universidade de Princeton, Estados Unidos: pessoas bilíngues são mais empáticas, já que têm facilidade em bloquear informações já conhecidas para avaliar o ponto de vista da outra pessoa.

 

Outra vantagem é ser mais racional com relação às decisões. De acordo com a Universidade de Chicago, pessoas que falam mais de um idioma tendem a ser mais analíticas. Isso acontece porque cada língua tem suas particularidades e o bilíngue as memoriza e escolhe muito bem antes de falar e agir.

 

Como é possível notar, os benefícios de dominar outro idioma são inúmeros e os desafios desse aprendizado são maiores quando nos tornamos adultos. Para aprender melhor e mais rápido, o intercâmbio pode ser a melhor alternativa já que combina a sala de aula com a vivência e experiência de outra cultura em tantas outras atividades do dia a dia.

 

*Rui Pimenta é diretor de vendas do Student Travel Bureau