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03/10/2017 - 14h00

O desenvolvimento de líderes para a área educacional

Por Danilo Jesus de Souza*

 

Em mais de 20 anos atuando na área educacional percebo uma tendência neste mercado. Como coach e trainer de líderes, aprendi a pensar positivo e ter somente foco na solução, a qual trato como uma grande oportunidade.

 

Proponho um desafio: entre hoje em uma sala de aula de ensino médio de qualquer escola particular brasileira e pergunte: quem vai cursar Pedagogia na faculdade?

 

Infelizmente, um ou nenhum aluno levantará a mão sinalizando uma resposta positiva. Hoje esses alunos são motivados a profissões mais rentáveis economicamente. Faça a mesma pergunta em uma escola pública e esse número aumentará exponencialmente, uma vez que os mesmos entendem que é mais fácil progredir na carreira nesta profissão.

 

Assim, teremos um aumento no número de docentes com uma enorme deficiência em sua formação básica, visto o atual cenário educacional brasileiro de precariedade nas escolas públicas e a diminuição de profissionais experientes que saíram do mercado pela aposentadoria.

 

A esse quadro, onde faltam pessoas qualificadas, soma-se ainda a dificuldade de liderar diferentes gerações: Baby Boomer (nascidos entre 1946 e 1964), Geração X (nascidos entre 1965 e 1981), Geração Y (nascidos entre 1982 e 2000) e Geração Z (nascidos a partir de 2000).

 

A entrada da Geração Y no mercado de trabalho causou grande desconforto por conta da forma de pensar e agir tão diferente das Gerações X e Baby Boomer. E certamente, nos próximos anos, a entrada da Geração Z causará no mínimo o mesmo impacto, se não for maior.

 

Será cada vez mais frequente a promoção de professores a cargos de liderança, para ocupar os postos dos que irão se aposentar (Geração Baby Boomer), onde o resultado será, em muitas vezes, a perda de um excelente docente e o ganho de um líder ruim. E neste resultado, tanto a instituição de ensino quanto o profissional perderão. Caso o profissional não tenha maturidade emocional para lidar com a situação, pode carregar uma cicatriz emocional.

 

A tarefa de liderar será cada vez mais complexa e exigente, tanto nos aspectos técnicos como nos âmbitos comportamentais e emocionais. Desafios serão apresentados, sejam eles pelas diferentes gerações, pela evolução tecnológica constante, por novos métodos de ensino que surgirão ou pelo difícil processo de desenvolver pessoas.

 

Desenvolver líderes educacionais não é tarefa simples, muito pelo contrário, uma vez que lidamos com interesses da instituição de ensino e também com os do próprio líder. Equilibramos, dessa forma, a meta e ganho de produtividade exigidos pelas instituições, e o alinhamento da vida pessoal desta pessoa.

 

Um líder precisa estar preparado em competências técnicas e competências emocionais e é neste ponto que o processo se torna complexo. O apoio de um coach/trainer, que irá trabalhar a construção de um modelo de competências e iniciar o trabalho de desenvolvimento do profissional, será fundamental.

 

A preparação deste líder fará dele uma pessoa mais produtiva, satisfeita no trabalho, capaz de entender aspectos comportamentais, com habilidades para gerenciar, motivar e desenvolver pessoas. Reduzirá o stress na equipe profissional, aumentará o número de alunos, assim como terá equilíbrio entre trabalho e família.

 

O processo de desenvolvimento de líderes leva em torno de 6 a 9 meses para ser finalizado. Os resultados na instituição começam a surgir a partir do primeiro mês, necessitando desta quantidade de meses para a sustentação e consolidação das mudanças comportamentais.

 

Como começar

Para iniciar um processo de desenvolvimento é preciso saber se a sua instituição de ensino tem claro e atualizado o modelo de competências de um líder para a área educacional.  Quais competências estão ligadas à visão e missão de sua instituição de ensino? Como desenvolver alguém nos aspectos de liderança se nem sabemos quais são as principais competências?

 

Definir essas características é essencial para começar o processo de desenvolvimento. Empatia, Autoconhecimento, Desenvolvimento Contínuo, Autocontrole, Visão Global, Visão Sistêmica, Dinamismo, Motivação, Trabalho em Equipe, Habilidade Social, Ética, Credibilidade, Foco no Cliente, Pensar com a cabeça do dono, Flexibilidade, Aceitação de Mudanças, Comprometimento, Assertividade... Quais dessas competências são emocionais? Quantas devem ser usadas? E por que não usar todas? Ou até colocar mais competências? Não seria difícil desenvolver e mensurar tudo isso?

 

O líder moderno precisa ter pensamento positivo, focar na solução e trabalhar o seu estado emocional positivo. No meu curso de Liderança para Gestores Educacionais, faço um processo de imersão nessas competências emocionais e levo os participantes a altos ganhos. Além disso, pensar nas novas tecnologias, entender as redes sociais e saber como usá-las no processo educacional, não é mais e nem menos importante do que entender o comportamento dos liderados.

 

Entender que hoje os smartphones fazem parte do dia a dia dos alunos e que as aulas não são tão atraentes, não é um problema, mas uma oportunidade de fazer algo diferente e potencialmente valoroso para sua instituição, isso é pensar com foco na solução. Mas, para ter sucesso nesta jornada, o profissional precisará entender como esses alunos pensam e como se comportam.

 

O desenvolvimento que proponho, nas relações entre líder e liderado, ajuda o líder a encontrar soluções, focar suas energias e competências no que quer e em como vai resolver esses problemas, sempre o levando a um estado emocional positivo.

 

Se o líder possui um problema, ele necessita identificar as maneiras de resolvê-lo e pensar em como a situação será após a solução ser encontrada. Ele deve se questionar no que quer ver e ouvir quando o problema for solucionado. Avaliações deste tipo são necessárias para desenvolver autoconhecimento. Muitas vezes questões pessoais afetam diretamente o rendimento da liderança e o profissional não é capaz de identificar onde está o problema.

 

O humor de um líder pode acabar com o desempenho de sua equipe, sem ele ao menos perceber que é o causador desse desastre. Quem não consegue identificar suas emoções com precisão e não sabe como trabalhar para tirar o máximo de proveito delas, pode estar fadado ao fracasso. É preciso definir quais emoções mais afetam e o que fazer para controlá-las.

 

Essas reflexões ajudarão a manter o estado emocional positivo. Para um líder moderno, com os desafios atuais, não há nada mais importante que seu estado emocional. Controlar as emoções é um passo para o sucesso, não só profissional, mas também familiar e social.

 

Mas, não é só autoconhecimento que é necessário trabalhar. Como falamos, os desafios serão enormes e desenvolver pessoas será se não o maior, um dos maiores.

 

E como desenvolver pessoas que saem da faculdade achando que já sabem tudo? Quanto tempo é necessário dedicar ao desenvolvimento de pessoas? Como será dado feedback, com qual velocidade e frequência? Como adaptar a linguagem a cada uma das gerações e perfis comportamentais? Como perceber se os feedbacks estão sendo proveitosos e motivadores?

 

Ser um líder moderno exige conhecimentos sobre os outros e principalmente sobre si próprio. Como reagir tendo que adaptar a forma de falar com cada profissional?

 

O líder deve responder estas perguntas, enfrentar estes desafios, conhecer sua equipe, as diferenças comportamentais, aprender a potencializá-las de modo que a produtividade, o prazer pelo trabalho e o equilíbrio da vida pessoal e profissional caminhem juntos. Atingindo isso, está vencido o grande desafio do novo líder. “Você é e tem aquilo que você fez pra ser e ter”. Fazer algo ou ficar parado, ser produtivo ou não, são escolhas e não consequências.

 

Quais serão suas escolhas a partir de agora? Pense nisso.

 

*Danilo Jesus de Souza é Sócio Fundador da Spaço In Consultoria e Assesoria Educacional. Consultor educacional há 20 anos nas áreas de Liderança, RH E Marketing. Graduado e Pós-Graduado em Administração e especialização em RH. Master Coach pela ICC - International Coaching Community e Sociedade Latino Americana de Coaching. Analista comportamental DISC e Leader Coach.