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13/12/2016 - 15h00

O trânsito e a qualidade de vida do profissional

Por Jacob Rosenbloom*

 

O impacto do trânsito da cidade de São Paulo na vida dos trabalhadores tem gerado um grande problema tanto para administração pública quanto para empresas. Para o governo, a insustentabilidade do tráfego é discutida amplamente em convenções mundiais, mas ainda engatinha na direção de uma resolução. Para as empresas, a questão é sensível no que tange a contratação de funcionários, que não raras vezes moram longe do local de trabalho e acabam sendo prejudicados pelas longas jornadas.

 

Além disso, a questão da qualidade de vida, cada vez mais presente no consciente do trabalho e também das áreas de recursos humanos, tem orientado a procura de muitos profissionais, em busca de melhores condições de trabalho. Um dos grandes questionamentos dos gestores dos departamentos de Recursos Humanos é a questão da retenção.

 

Como segurar um profissional na empresa e evitar encargos com sua saída e com a abertura de nova vaga, seleção, nova contratação, capacitação de um novo profissional e integração? Um ciclo cada vez mais oneroso para as companhias.

 

Em uma de nossas pesquisas feitas com base em dados da base cadastral e também com informações que colhemos ao redor do mundo, descobrimos que na cidade de São Paulo o trabalhador economizaria 20 (vinte) dias ao ano se trabalhasse perto de casa. O que você faria com 20 dias de folga? Alguns tirariam férias. Outros trabalhariam em outro local para aumentar a renda. Muitos dedicariam à família. Ou mesmo a uma atividade física.

 

Recentemente, perguntamos aos profissionais o que os levaria a pedir demissão da empresa em menos de um ano? O levantamento apontou que 43,3% das pessoas saem das empresas por não visualizarem um plano de carreira. Já 36,7% deixam o cargo em função da distância da casa ao trabalho. 30% afirmaram que o salário é essencial para retê-lo.

 

É preciso entender que a logística das grandes cidades é um item da equação de retenção dos funcionários. E os profissionais de RH não podem deixar mais a questão da localização de fora. Não adianta apenas oferecer o benefício do vale transporte.

 

Além da questão da retenção, é preciso levar também em conta a questão do comprometimento e da produtividade. Empregados mais felizes por morarem perto do trabalho são mais comprometidos e mais produtivos. E faltam menos.

 

A solução para uma melhor mobilidade urbana está no conjunto de ações realizadas por todos: poder público, cidadãos e empresas. E o georecrutamento precisa estar inserido nessa discussão.

 

*Jacob Rosenbloom é o CEO da Emprego Ligado