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14/09/2016 - 16h00

Ficar muito tempo no trânsito faz você comer mais e se relacionar menos

Por Jacob Rosenbloom*

 

A convivência com o tráfego intenso e a maneira como nos adaptamos aos seus impactos variam de acordo com a percepção e geografia de cada um. Em São Paulo, por exemplo, as pessoas que enfrentam o tráfego diariamente perdem em média três horas do seu dia indo de casa para o trabalho e vice-versa. Em outras cidades, o tempo gasto pelos paulistanos pode causar espanto, enquanto que algumas regiões perpassam pela mesma situação ou pior como Curitiba, Rio de Janeiro, entre outras.

 

Além de desperdiçar tempo nos coletivos e nos transportes privados, as pessoas estão prejudicando a própria saúde, aumentando o consumo de comidas pouco saudáveis e se tornando antissociais. No velho continente, uma pesquisa realizada na Inglaterra e no País de Gales pela Royal Society of Public Health (RSPH) demonstrou que a população ingere cerca de 800 calorias a mais do que deveria semanalmente por conta do trânsito.

 

O estudo mostrou que 29% dos entrevistados aumentaram o consumo de comidas do tipo fast food; 33% afirmaram que passaram a ingerir mais snacks e doces; 41% reduziram as atividades físicas e 36% reportaram alguma alteração no sono como consequência do trânsito. As pessoas entrevistadas também associaram ao tráfego intenso o motivo pelo qual diminuíram o tempo com a família e os amigos.

 

Estas são situações que se repetem globalmente. Estudo feitos com a base de dados da Emprego Ligado, no Brasil, demonstraram que é maior o nível de satisfação daqueles que trabalham próximo de sua residência e não têm que enfrentar longas horas no trânsito, já que acabam tendo mais tempo para cuidar de assuntos pessoais, como ir à academia, estudar ou ficar com a família.

 

Além disso, segundo o levantamento, trabalhar perto de casa pode gerar uma economia de tempo equivalente a 20 dias livres. E o trabalhador vem reavaliando esta questão. Estudos afirmam que 43,3% das pessoas saem das empresas por não visualizarem um plano de carreira. Já 36,7% deixam o cargo em função da distância da casa ao trabalho. Outros 33,3% disseram levar em conta o ambiente e o clima, enquanto 30% afirmaram que o salário é essencial para retê-lo.

 

Contudo, o tema qualidade de vida, cada vez mais presente no consciente do trabalhador e também das áreas de recursos humanos, tem orientado o mercado de trabalho a se preocupar com melhores condições de trabalho para os colaboradores. O levantamento realizado pela RSPH inclui algumas dicas para ajudar a resolver o problema das longas horas no trânsito, entre elas, a flexibilidade da jornada laboral. Quase três em cada cinco pessoas entrevistadas disseram que horários de trabalho flexíveis poderiam melhorar a sua saúde e bem-estar.

 

É preciso encontrar alternativas para a mobilidade com o intuito de construir um trânsito adequado às necessidades atuais da sociedade. O assunto precisa ser discutido urgentemente por todos os setores, empresas, governo e população. Somente assim conseguiremos encontrar meios para melhorar o tráfego urbano, além de alcançar uma melhor qualidade de vida para todos.

 

*Jacob Rosenbloom é CEO da Emprego Ligado