Notícia

Gestão de Pessoas

30/03/2017 - 10h00

Funcionários endividados utilizam cerca de uma hora por dia dentro da empresa para resolver problemas

Mais de 50 milhões de brasileiros estão com seus CPFs negativados. Isso significa que um em cada quatro brasileiros está inadimplente e deixou de pagar, pelo menos, uma de suas contas. E, agora, tem restrições comerciais ou de crédito. O levantamento é do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

 

Neste contexto, o que mais preocupa são os reflexos negativos para o consumo, diminuindo a atividade econômica do país. Estatísticas do Banco Central também sinalizam que, nos últimos cinco anos, o número de brasileiros com dívidas superiores a R$ 5 mil passou de 10 milhões para 23 milhões. “Nesse grupo de negativados, temos tanto pessoas desempregadas quanto ainda em atividade. E o que mais tira a tranquilidade de uma pessoa são casos de doença e problemas financeiros”, explica Márcio Iavelberg, sócio-diretor da Blue Numbers. De acordo com uma pesquisa da Associação Americana de Psicólogos, o quesito dinheiro é apontado por 69% dos entrevistados como principal fonte de estresse.

 

Para o especialista em gestão de pequenas e médias empresas, alguém angustiado por não conseguir pagar uma conta, com crédito bloqueado no banco, cheques sendo devolvidos ou, ainda, pessoas telefonando para cobrar dívidas, tomam um tempo precioso e que o profissional acaba tendo que resolver em dia útil e horário comercial. Seja faltando no serviço para resolver essas questões, seja pensando o dia todo e tentando administrar tudo isso, para o especialista a produtividade do profissional cai e muito.

 

De acordo com levantamento realizado pela Blue Numbers, consultoria empresarial de pequenas e médias empresas, profissionais com esse tipo de problema chegam a perder até 1 hora por dia no telefone ou e-mail na tentativa de resolver esses problemas. Ou seja, as empresas arcam com 12,5% a menos de tempo útil de trabalho, além da qualidade inferior das outras horas trabalhadas. “Quando a empresa é mais rígida com acesso a telefone e internet, a pessoa acaba usando o tempo de almoço para escapar no banco, por exemplo, debilitando o corpo e mente para o trabalho do turno vespertino”, explica Iavelberg.

 

No caso de pequenas e médias empresas, se 20% dos funcionários estiverem com problemas e eles gastarem 1 hora por dia para resolvê-los, a empresa perderá 2,5% de sua capacidade produtiva. Isto, sem considerar a perda pela falta de concentração deles nas horas trabalhadas. Em outras palavras, de cada 40 funcionários, um não estaria trabalhando, apesar de receber.

 

As empresas que possuem esse tipo de profissional em seu quadro de pessoal começam a ficar atentos. “Elas têm criado ações específicas que podem gerar um impacto pontual importante, mas não assegura uma mudança de cultura e de comportamento. É essencial desenvolver ações continuadas e preventivas, já que a vida financeira e as decisões de compra envolvem questões emocionais, sensação de poder, estilo de vida e mudanças de hábitos e de modelos mentais”, explica Iavelberg. Por outro lado, “o funcionário precisa administrar suas próprias finanças para não perder o emprego chamando atenção para as desculpas que tem de dizer no trabalho e não para suas competências e qualidades”.