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31/07/2017 - 09h00

Desafio de RH na luta contra a crise

Por Marina Simões*

 

Dentre os 14 milhões de brasileiros desempregados, há numerosos profissionais seniores, com ampla experiência em gestão, cujo talento e capacidade estão sendo desperdiçados, pois não há vagas para todos num mercado de trabalho castigado pela mais grave crise econômica de nossa história. Enfrentar tal situação não é fácil para quem está há muitos anos na estrada, ocupou cargos de liderança e vivenciou uma carreira de sucesso.

 

Numa conjuntura turbulenta como a atual, nem sempre se consegue uma recolocação rapidamente. Ferramentas muito procuradas para auxiliar neste período são as consultorias de outplacement e os headhunters. Em comum, vem os conselhos de reciclar-se ou investir a indenização trabalhista num empreendimento próprio.

 

Reinventar-se é também uma possibilidade das empresas para fazer frente à crise. Demitir não é a primeira saída, mas a situação econômica atual muitas vezes as leva a este desfecho. As empresas são duplamente atingidas pelas inevitáveis demissões impostas pela queda das vendas e a recessão. Para elas, a primeira consequência negativa é interna, pois perdem talentos e são oneradas pelas indenizações; a segunda refere-se aos resultados, pois cada indivíduo sem salário no País é um consumidor a menos, retroalimentando a crise, e os danos sociais atingem todos, pessoas físicas e jurídicas, indistintamente.

 

Há um interessante ponto de congruência entre os seniores que estão no mercado e a oportunidade de as empresas contarem com sua vivência e talento para buscar novas soluções voltadas ao enfrentamento do cenário adverso. Nesse sentido, temos feito uma gratificante experiência de RH, recrutando pessoas desempregadas atualmente, com experiência e conhecimento sólidos em gestão, acumulados em áreas diferentes da que atuamos.

 

Esses profissionais, com ótimo currículo, estão ingressando na companhia sem uma posição definida. São executivos que se dispõe a uma reciclagem e a uma experiência nova de aprendizado e de troca muitas vezes não disponibilizadas em grandes empresas. Eles passam por diferentes áreas e conhecem os processos internos de nossa companhia. Com seu elevado nível de maturidade e um olhar novo para nós, diferente daquele dos que atuam em nosso setor, podem observar tudo e fazer análises críticas construtivas. Essa é uma forma de a empresa pensar de modo diferente, tentar mudar conceitos e avançar.

 

Os profissionais chegam em nível gerencial, como adjuntos. Após passarem por toda a organização, conforme suas características particulares, são alocados nos diversos setores. Percebemos que nem todos estão dispostos ao desafio e recebemos algumas recusas para esta proposta. Contudo, é notável o ganho que os dois lados – empresa e gestor - tem quando o desafio é aceito. Em tempos de crise e na iminência de uma reforma do arcabouço legal que dará mais autonomia às negociações trabalhistas, é importante que, juntos, os recursos humanos e os empregadores encontrem novos modelos capazes de mitigar o desemprego e contribuir para a retomada do crescimento sustentado da economia.

 

*Marina Simões, administradora de empresas, é diretora da Locar Guindastes e Transportes Intermodais