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19/03/2017 - 10h00

O empoderamento da mulher moderna

Por Danieli Scapin*

 

Nasci no seio de uma família com "igualdade de gêneros". Meu pai e minha mãe, além de uma extensa, sólida e duradoura sociedade matrimonial, mantiveram uma sociedade nos negócios, dividindo tarefas, cargos e funções dentro de casa e no ambiente de trabalho. Pouco tempo depois de casarem, iniciaram um projeto educacional. Meu pai, com as atribuições administrativas e, minha mãe, com a parte pedagógica. Além disso, meu pai auxiliava minha mãe, de igual por igual, nos afazeres domésticos.

 

E apesar da importância indiscutível que cada um exercia dentro do negócio, percebi, desde muito cedo, que minha mãe se conformou em ficar sempre nos bastidores. Sabe aquele trabalho de formiguinha, constante, intenso e, sem o qual inexistiria solidez no negócio? Pois é, esse era o papel de minha mãe, uma educadora e empreendedora nata. Mas mesmo assim, ela nunca estava na vitrine.

 

E para falar a verdade, minha MÃE nunca se importou em retratar perfeitamente aquele velho ditado: "Por traz de um grande homem há sempre uma grande mulher". É como se ela se conformasse com a ideia de que a mulher não teria o direito de liderar uma empresa de sucesso. Ou que faltasse confiança para acreditar em si mesma e perceber que ela reunia condições intelectuais e habilidades necessárias para encabeçar os processos dentro da organização. E esse não era apenas o pensamento de minha mãe, ele refletia fidedignamente o pensamento das mulheres daquela época. E eu, vinda de uma outra geração, acompanhava, com estranheza, o desenrolar dos negócios da família que, apesar disso, sempre deram certo.

 

Minha história de vida e de empreendedorismo foi um pouco diferente. E apesar de também ter construído, ao lado de meu marido, uma grande instituição educacional e de ter tido a chance de desenvolver um trabalho que me enchesse de orgulho e realização, nunca me conformei em estar nos bastidores e a abrir mão do meu papel de líder. Além disso, tive a sorte de casar com um homem nem um pingo machista, cuja mãe era uma mulher totalmente a frente de seu tempo, que no auge dos anos 60, já trabalhava fora e sustentava a casa.

 

Com o tempo, eu e meu marido definimos bem os papéis, controlamos a competitividade e trabalhamos com a ideia de que quem precisava ser competitiva era a empresa e não, nós dois. Passamos a atuar respectivamente nas áreas em que cada um era mais hábil e dividimos, sem maiores problemas, a liderança e a gestão da Faculdade, que, em pouco tempo, se tornou uma das maiores e mais renomadas instituições de ensino superior da região.

 

Talvez, essa minha atitude de fincar a bandeira, conquistar meu território e de não permitir que acontecesse comigo o que, um dia, vi acontecer com minha mãe, reflita bem o pensamento da mulher moderna, que compreendeu sua real importância não só no seio de sua família, mas no mundo corporativo.

 

As lutas que foram travadas no passado surtiram um efeito principalmente na concepção das potencialidades que a própria mulher tinha em relação ao seu gênero. O conformismo de aceitar a inferioridade pelo simples fato de ser mulher é coisa do passado. A autoestima e a autoconfiança femininas tomaram conta das atitudes da MULHER moderna e são, em grande parte, responsáveis pelo aumento significativo do gênero em cargos de gestão e empreendedorismo que, na última década, no Brasil, aumentaram mais de 16% , de acordo com o SEBRAE.

 

A atual tendência de empoderamento feminino está posicionando as mulheres em todos os campos, sociais, políticos e econômicos, mas as desigualdades em vários deles ainda persistem.

 

E muito longe dos discursos misândricos de feministas extremistas que disseminam repulsa, desprezo e ódio contra o sexo masculino, para tentar elevar a figura da Mulher, vejo que o principal impulsionador da inclusão feminina em vários setores e em cargos de liderança, se deu pelo fato de que a Mulher definitivamente se convenceu de que tem todas as condições necessárias para galgar os mais altos degraus na escada do sucesso. Só depende de nós!

 

*Formada em Direito, Danieli Scapin é empreendedora há mais de 15 anos e é palestrante da Insperiência, em que fala sobre liderança e equilíbrio entre família e profissão.